Simone Biles voltou a fazer história na ginástica artística, desta vez enfrentando apenas suas compatriotas. Na madrugada desta segunda-feira (28), em San Jose, na Califórnia, a supercampeã conquistou seu oitavo título nacional no individual geral. Trata-se de novo recorde do Campeonato Americano, criado em 1963.
Curiosamente, a conquista foi obtida exatamente 10 anos depois da sua primeira, no mesmo torneio. Na ocasião, com apenas 16 anos, Biles ainda era considerada apenas uma grande promessa da ginástica americana. Hoje ela é apontada por muitos como a maior atleta da história da modalidade.
No individual geral, prova mais exigente da ginástica artística e que dura dois dias, Biles obteve um total de 118,40 pontos, quatro à frente de Shilese Jones, que ficou com a medalha de prata. Leanne Wong faturou o bronze. O trio, se confirmado na próxima Olimpíada, chegará com forte favoritismo em Paris-2024.
— Eu não penso muito nos números. Gosto de pensar na minha performance. E acho que, de forma geral, eu venci oito de oito edições. Acho que este é o número da sorte neste ano — comemorou Biles, que se tornou ainda a mais velha a se sagrar campeã americana.
O número é referência também ao mês de agosto. Isso porque Biles retornou às competições no início deste mês. No US Classic, em Chicago, torneio classificatório para o nacional, ela também conquistou a medalha de ouro, logo em sua volta após dois anos. Biles não competia desde a Olimpíada de Tóquio, disputada em 2021.
Na ocasião, ela não chamou a atenção pelas conquistas, mas por ter desistido de diversas provas, como a final do individual geral, para priorizar sua saúde mental. A ginasta alegou que estava sofrendo com os chamados "twisties", termo usado no meio da ginástica para explicar a perda de referência espacial sofrida por um atleta na execução de algum movimento. A situação poderia colocar em risco sua integridade física ao cometer erros graves em suas apresentações.
Ao vir a público para explicar a situação, Biles trouxe à tona as discussões sobre saúde mental, um dos assuntos mais comentados ao longo daquela Olimpíada e dos anos que se seguiriam. Havia a expectativa de que a americana quebrasse diversos recordes e marcas históricas da ginástica em Tóquio, o que acabou não acontecendo em razão da decisão da atleta.
A ginasta soma sete medalhas olímpicas, sendo quatro de ouro. A maioria foi obtida nos Jogos do Rio-2016. Na capital japonesa, ela foi prata por equipes e bronze na trave, conquista que a fez empatar em número de medalhas olímpicas na história da ginástica americana com Shannon Miller.
Ao fim daquela edição da Olimpíada, Biles deixou em aberto a possibilidade de se aposentar antes mesmo dos Jogos de Paris-2024. As medalhas conquistadas neste mês, porém, abre a possibilidade de que a americana esteja na França, no próximo ano.