A trajetória de Walter no Pelotas está encerrada. O centroavante de 34 anos teve atrito com torcedores nesta quarta (2), precisou ser escoltado para casa e pediu desligamento do clube. A razão das cobranças foi um pênalti desperdiçado diante do Monsoon, jogo que eliminou a equipe pelotense da Divisão de Acesso.
O Pelotas aceitou o pedido de Walter. Em nota, o clube afirmou que o vínculo do jogador, previsto para encerrar em 31 de agosto, não será renovado. "Walter está liberado dos treinamentos e para procurar um novo clube. O clube agradece ao jogador pelo serviço prestado e deseja sucesso no restante da carreira", diz a nota.
No último domingo (30), após empate em 1 a 1 no placar agregado, Monsoon e Pelotas definiram uma vaga nas semifinais da Divisão de Acesso nos pênaltis. O centroavante ex-Inter, que entrara nos acréscimos justamente para ser um dos batedores, acabou desperdiçando a primeira oportunidade que o Lobo teve de vencer na disputa. Na sequência, a equipe pelotense errou mais três pênaltis e foi eliminada.
O estopim para a possível saída de Walter do Pelotas foi uma discussão com torcedores do lado de fora da Boca do Lobo nesta quarta-feira (2), após a vitória da equipe áureo-cerúlea por 3 a 0 sobre o Real, pela Copa FGF. O centroavante permaneceu todo o tempo no banco de reservas, porém passou a ser cobrado pelos torcedores quando se aproximou da arquibancada durante o aquecimento.
Na sequência, quando deixava o estádio caminhando em direção ao seu apartamento, Walter foi novamente abordado por torcedores. Conforme relatos da Rádio Pelotense, a discussão foi tão ríspida que exigiu intervenção da Brigada Militar. O policiais ajudaram a acalmar os ânimos e escoltaram o jogador para sua casa. Diante deste cenário, o jogador solicitou seu desligamento do clube para o presidente Rodrigo Britto.
— Estou muito triste, minha cabeça está mal. São pessoas que confiavam na gente. Estou há três dias sem dormir. Sei que, por ter o nome mais forte, a responsabilidade cai para mim. Se eu faço o pênalti, sou o cara. Se erro, não valho nada. Foi uma bomba que caiu na minha mão. Futebol é assim. Não sou o primeiro jogador que sai assim daqui — explicou o atacante em contato com GZH.
— Sei o carinho que o presidente e o vice têm por mim, a torcida verdadeira também tem. O presidente queria que eu ficasse, mas minha cabeça não está legal. Ele é um cara correto, acho que vai aceitar — complementou.
Walter chegou ao Pelotas em maio, contratado como a grande esperança de gols da equipe na busca pelo acesso à Série A do Gauchão. O jogador, entretanto, entrou em campo em apenas cinco partidas — quatro da Divisão de Acesso e uma pela Copa FGF. Ele se apresentou fora da forma ideal, porém diz que conseguiu perder peso, mas não recebeu as chances esperadas pelo técnico William Campos.
— Eu não entrei no jogo da Copinha. Então quando iria jogar? Foi a gota d'água. Consegui emagrecer quase 15kg, estava evoluindo, mas o treinador não acreditou em mim e me colocou pouco para jogar. Queria ajudar dentro do campo, mas teve uma pessoa que atrapalhou isso.
Conforme o técnico Wiliam Campos, também em contato com GZH, esta falta de confiança não é verdadeira. Ele afirma que escalou Walter dentro dos cenários que eram possíveis diante da sua forma física.
— Tanto que ele bateu o principal pênalti da temporada. A questão de jogar mais tempo, era a questão física. Ele não tinha a condição de jogar na intensidade do futebol atual. Não tinha a condição de jogar mais tempo, era nítido. Mas, mesmo assim, recebeu oportunidades e, infelizmente, não conseguiu ajudar — disse Wiliam Campos.
Para o técnico do Pelotas, a relação com Walter sempre foi boa, seja na convivência nos treinamentos e também fora do clube. No entanto, o problema é recorrente.
— Não sou louco. Se o jogador está bem, eu coloco para jogar. Ele entrou quando dava. O peso atrapalhar ele não foi uma novidade, aconteceu em outros clubes também. Mas nossa relação era boa, tanto nos treinos quanto fora, com boas conversas — completou o técnico.