A Operação Bet, deflagrada na manhã desta quarta-feira (19) contra suspeitos de manipulação de resultados no futebol, chamou a atenção para dois pontos: o primeiro é a participação de integrantes de facções nesses esquemas; o segundo é a situação análoga à escravidão que alguns atletas viveram nesse período.
Segundo o delegado Gabriel Bica, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, está comprovada a presença de membros de facções criminosas nas quadrilhas que agiam no esporte. Essas pessoas eram responsáveis pelas ameaças e pelas cotações aos jogadores.
— Em determinado momento, houve uma falha de comunicação entre eles que gerou uma perda. Então vimos que algumas pessoas foram ameaçadas nessas desavenças — aponta o delegado.
Nas investigações, a polícia também constatou um drama vivido por alguns atletas. Eles recebiam propostas para se mudar ao RS em busca de um mercado atraente, com promessa de alojamento e vencimentos compatíveis, mas acabavam morando em locais degradantes, com baixas condições de higiene, sem salários fixos. De acordo com a polícia, apesar de não se configurar tecnicamente, há muitas semelhanças com trabalho análogo à escravidão.
— Alguns desses meninos que eram de outros Estados foram abandonados à própria sorte, sem dinheiro e com dívidas. Eles eram coagidos e só eram pagos quando realizavam as tarefas instruídas pelos "investidores" — completa Bicca.
A Operação Bet desta quarta-feira investigou um dos núcleos suspeitos. Nas próximas semanas, novas ações devem ser deflagradas pela polícia para apurar a participação de mais pessoas.