A entrevista coletiva de apresentação de Fernando Diniz como técnico da Seleção Brasileira versou menos sobre suas ideias e nomes e mais em relação a aspectos éticos de sua contratação por parte da CBF. O treinador se mostrou tranquilo ao abordar o tema na tarde desta quarta-feira (5), em coletiva no Rio de Janeiro.
Antes que qualquer questionamento com esta abordagem fosse feito, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, fez um pronunciamento e comentou sobre um possível conflito de interesses, já que Diniz continuará como técnico do Fluminense, repetindo uma situação vivida por Vanderlei Luxemburgo nos anos 1990, quando assumiu a Seleção quando ainda era técnico do Corinthians.
— A escolha é baseada na carreira de um dos treinadores que mais admiro, pelo estilo de jogo e pelo o que ouvi de jogadores, treinadores e muito da imprensa. E também pelo seu caráter e sua ética como profissional. Na CBF, os tempos em que caráter e ética não eram prioridade acabaram — sentenciou o dirigente.
As conversas para o acerto foram utilizadas como exemplo. Não houve um assédio direto da CBF ao treinador. Primeiro, a direção do Fluminense foi abordada. Então, os dirigentes cariocas fizeram o comunicado a Diniz. Na segunda (3) à noite, houve o encontro entre Ednaldo e o técnico para encaminhar o acordo de um ano. A oficialização ocorreu no dia seguinte.
As respostas do novo técnico tiveram dois alicerces. O primeiro foi para explicar como evitar um possível conflito na hora das convocações, seja por chamar jogadores do Fluminense, seja por convocar atletas de adversários da equipe carioca na sequência das datas Fifa.
— Vou ter que fazer uma convocação e tomar as decisões. E a ética que tenho que vai pautar minhas decisões. E as pessoas vão avaliar conforme o juízo de cada um. Eu que tenho que pensar o que devo pensar e deliberar sobre minhas decisões. Estou extremamente tranquilo, e nesse ponto a CBF apontou a pessoa certa — disse Diniz.
Ele também usou o exemplo de sua caminhada até este momento, primeiro como jogador e, depois, como técnico.
— A ética tem a ver com a pessoa que vai tomar as decisões. Se as pessoas presumem que vai ter conflito de interesse, vai dizer que não tenho ética. Se eu tomasse minhas decisões com base naquilo que penso, não faria nada no futebol. Porque minha carreira é muito mais recheada de críticas do que de elogios por causa da minha maneira de enxergar o mundo — posicionou-se.
O Brasil ainda fará seis jogos este ano, todos pelas Eliminatórias. A primeira convocação será para os confrontos contra Bolívia e Peru, em 7 e 12 de setembro, respectivamente. Diniz ainda deve comandar o time em dois amistosos no começo do ano que vem. Só então, Carlo Ancelotti deve assumir.