Nos próximos meses, Fernando Diniz será um homem de vida dupla. Dois empregos, dois salários e dois times para treinar. Duas responsabilidades. Desde terça (5) à noite, ele acumula os cargos de técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira. Uma situação tão inusitada que sua contratação para ser interino do time brasileiro deixou nas sombras a oficialização de que Carlo Ancelotti será o treinador a partir do ano que vem.
Apresentado de maneira oficial nesta quarta (5), na sede da CBF, no Rio, Diniz ouviu do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que foi escolhido pelo estilo de jogo implementado pelo treinador em suas equipes. O contrato será de um ano e deixa em aberto se o treinador estará na Copa América.
— É uma mistura de alegria e honra poder estar aqui, por ter sido convocado para a missão de treinar a Seleção Brasileira. Um sonho que se realiza. Pretendo dedicar a minha vida a servir bem o futebol. Meu compromisso é ter bom rendimento — disse Diniz.
O interino, caso o planejamento se confirme, ficará no cargo por até oito jogos. São seis partidas pelas Eliminatórias, todas este ano, mais dois amistosos a serem disputados em março de 2024.
Se Ancelotti cumprir seu contrato com o Real Madrid até o final, ele assume o comando do time para a disputa da Copa América, com início em junho. Famoso por seu futebol ofensivo, o treinador afirmou que na Seleção colocará em prática tudo aquilo que ele vem fazendo na sua carreira.
— Vou reproduzir aqui o que me trouxe até aqui. Vou ter a melhor matéria prima do mundo para executar da melhor maneira que eu conseguir as ideias que eu tenho — avaliou.
Parte da entrevista foi pontuada por questões ligadas à ética por Diniz ocupar ao mesmo tempo cargos na Seleção e no Fluminense. As questões estavam relacionadas sobre convocar atletas do seu clube e de possíveis adversário da equipe carioca. Ele também garantiu que terá autonomia total para fazer as convocações.
— Meu critério subjetivo vai se basear na minha ética. Vou procurar aquilo que é melhor pra CBF e olhar o cenário do futebol brasileiro e tomar a melhor decisão possível. Existirão questionamentos, mas não pode ser na falta de ética. Eu jamais sairia do Fluminense para abraçar a CBF. A maioria vai saber entender o que está acontecendo. Me sinto à vontade para fazer o meu trabalho — explicou.
A ordem das conversas sobre a contratação foi utilizada tanto por Ednaldo quanto por Diniz para esclarecer o tema. Primeiro, o dirigente conversou com a direção do clube carioca que, na sequência, comunicou o profissional. Não houve um assédio direto da CBF ao técnico.
Questões sobre aspectos éticos não abalaram o humor do técnico. Porém, ele evitou falar sobre qualquer tema relacionado a Ancelotti, seja sobre a vinda do italiano ou sobre similaridades e diferença do estilo de jogo de ambos. Se tentou fintar o futuro, ele foi direto ao falar sobre Neymar, ausente das últimas convocações devido a uma lesão.
— É uma "aberração". Um supertalento que demora muito tempo para aparecer. Tem de aproveitar o máximo um talento como esse — sintetizou.
O calendário apresenta alguns desafios para o novo treinador da Seleção. Os clássicos contra Uruguai e Argentina serão disputados com o interino. A comissão técnica também contará com o auxiliar Eduardo Barros e os preparadores físicos Marcos Seixas e Wagner Bertelli.
Próximos jogos da Seleção Brasileira
- 7/9 - Brasil x Bolívia
- 12/9 - Peru x Brasil
- 12/10 - Brasil x Venezuela
- 17/10 - Uruguai x Brasil
- 16/11 - Colômbia x Brasil
- 21/11 - Brasil x Argentina
- 16 a 18 março/24 - Datas para dois amistosos