Em meio às investigações do Ministério Público de Goiás (MP-GO) na segunda fase da Operação Penalidade Máxima, sobre esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol envolvendo apostas esportivas, Moraes Jr., ex-lateral do Juventude e atualmente no Atlético-GO, deixa de ser investigado no processo e passa a ser testemunha. Nesta terça-feira (9), a defesa do atleta, inicialmente investigado em jogo do Juventude, informou a atualização na Justiça por meio de nota.
Dos jogos que são alvo de investigação do MP, Moraes Jr. foi aliciado pelo grupo de apostadores em três, todos no Brasileirão do último ano, quando atuava pelo Juventude: nas partidas contra Palmeiras, Fortaleza e Goiás. As promessas de pagamento, para que o lateral fosse advertido com cartão amarelo pela arbitragem, variaram de R$ 30 a R$ 60 mil.
"O atleta foi ouvido pelo promotor de Justiça no dia 28 de abril de 2023, data em que foi assinado o Acordo de Não Persecução Penal, esse instrumento jurídico pode ser definido como uma espécie de colaboração jurídica entre o atleta e o Ministério Público", informou a defesa do jogador.
Com isso, ele promete ajudar na investigação do MP-GO.
"A defesa reforça o compromisso de Moraes com a verdade, haja visto que o mesmo segue colaborando com as investigações, ficando à disposição do Ministério Público e da Justiça para todo e qualquer momento ser ouvido."
Além dele, outros dois jogadores que eram do Juventude no último ano, Paulo Miranda e Gabriel Tota, participaram do esquema de apostas são investigados.
"Em face das recentes publicações divulgadas na imprensa relacionadas à Operação Penalidade Máxima, citando nominalmente três atletas que atuaram pelo clube em 2022, e que atualmente estão vinculados a outras agremiações, como investigados na referida operação, o clube reitera o seu firme posicionamento de colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei", escreveu o Ju em nota.
No mesmo comunicado, o clube de Caxias do Sul reiterou seu compromisso com a ética e "absoluta intransigência em relação a qualquer comportamento que fira a lisura e a transparência que devem nortear a prática e as competições esportivas em todos os níveis".
Das 13 partidas citadas pela Veja, três envolvem a equipe da Serra:
Palmeiras 2 x 1 Juventude (Brasileirão 2022)
Foi oferecido o valor de R$ 30 mil para o lateral-esquerdo Moraes, do Juventude, receber um cartão amarelo. Cerca de R$ 5 mil foram pagos antes da partida. O atleta foi advertido durante o confronto.
Juventude 1 x 1 Fortaleza (Brasileirão 2022)
Foi oferecido o valor de R$ 60 mil, sendo R$ 5 mil pagos antes da partida, para o meia Gabriel Tota, do Juventude, que deveria transferir a quantia ao zagueiro Paulo Miranda, que teria de ser punido com o cartão amarelo. O zagueiro foi advertido durante o confronto.
Goiás 1 x 0 Juventude (Brasileirão 2022)
Foi oferecido o valor de R$ 50 mil, sendo R$ 20 mil pagos antes do jogo, para que o lateral-esquerdo Moraes, do Juventude, levasse cartão amarelo. Além disso, foi oferecido R$ 50 mil, sendo R$ 10 mil pagos antecipadamente, para que Paulo Miranda fosse amarelado. Ambos foram amarelados no decorrer do confronto.
Entenda o caso
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu na última segunda uma nova denúncia contra a quadrilha responsável por fraudar jogos de futebol com o objetivo de lucrar financeiramente com apostas esportivas. A principal novidade foi o detalhamento dos valores oferecidos aos jogadores envolvidos nos casos de manipulação. As informações são da revista Veja.
De acordo com a publicação, são 20 os jogos investigados, contando as Séries A e B do Brasileirão, além dos Estaduais, sendo dois confrontos do Gauchão. A nova denúncia ainda não teve resposta da Justiça e surgiu a partir das buscas e das apreensões realizadas nas fases anteriores da Operação Penalidade Máxima.
O MP-GO pede a condenação do grupo responsável, além do ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos.