O Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrou na última terça-feira (18) a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga manipulação de resultados no futebol brasileiro. Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de seis Estados. Entre eles o Rio Grande do Sul, com três diligências: em Pelotas, Erechim e Santa Maria.
Em formato de perguntas e respostas, GZH explica algumas questões importantes sobre a operação que tem impactado o futebol brasileiro nos últimos meses. Confira:
O que é a operação Penalidade Máxima?
O Ministério Público de Goiás deflagrou no começo de fevereiro a operação para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos. Em um primeiro momento, envolvia apenas partidas da Série B do Brasileirão de 2022, mas a segunda fase apurou que jogos da Série A do ano passado e de Estaduais deste ano também teriam apostas encomendadas.
Por que a operação surgiu em Goiás?
Ainda em 2022, o jogador do Vila Nova, Romário, admitiu que foi procurado por um grupo de apostadores e que não partiu dele a ideia de participar da ação. A partir disso, outros jogos, além dos indicados pelo atleta, acabaram entrando na investigação como possíveis alvos de manipulação de resultados.
Quais jogos estão sendo investigados?
Conforme a entrevista coletiva do Ministério Público de Goiás na última terça, nessa segunda fase da investigação, 11 jogos estão sendo estudados por suspeita de algum tipo de manipulação. São seis jogos da Série A do Brasileirão de 2022, além de outros válidos por Estaduais espalhados pelo Brasil nesta temporada, entre eles o Gauchão.
- Santos x Avaí (um atletas do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo);
- Bragantino x América-MG (um atleta do Bragantino foi assediado para tomar um cartão amarelo);
- Goias x Juventude (dois atletas do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos);
- Cuiabá x Palmeiras (um jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo);
- Santos x Botafogo (um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho);
- Palmeiras x Juventude (um jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo).
Quais os jogos do Gauchão estão sendo analisados pelas investigações?
Duas partidas do Estadual deste ano foram investigadas pelo MP-GO recentemente.
- Caxias x São Luiz (jogador do São Luiz cometer pênalti);
- Esportivo x Novo Hamburgo (cometimento de pênalti por atleta do Novo Hamburgo)
Quantos mandados foram cumpridos?
Conforme o MP-GO, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de seis Estados. Entre eles o Rio Grande do Sul, com três diligências: Pelotas, Erechim e Santa Maria. Nas duas últimas cidades, jogadores estavam envolvidos. Contudo, nenhum atleta foi preso. Um ex-jogador do Juventude, atualmente no Ypiranga, está entre os atletas suspeitos da investigação.
Qual valor estava em jogo?
Segundo o Ministério Público de Goiás, os ganhos dos apostadores giravam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil, variando de acordo com o tipo de aposta e também com os gastos com o aliciamento de jogadores.
O que dizem os clubes gaúchos envolvidos?
Um ex-jogador do Juventude, atualmente no Ypiranga, está entre os atletas suspeitos da investigação. Os clubes emitiram nota na tarde desta terça-feira dizendo ser contrários às atitudes e se colocando à disposição das autoridades.
Confira a nota do Juventude
"O Esporte Clube Juventude vem a público manifestar seu posicionamento de absoluta contrariedade a toda e qualquer manipulação de resultados no esporte. Não é aceitável que profissionais ligados ao futebol estejam minimamente envolvidos com práticas antidesportivas, antiéticas e imorais.
Dito isto, em relação à operação “Penalidade Máxima”, o Esporte Clube Juventude reforça seu posicionamento de inteiro compromisso em colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação, uma vez que o nome de um atleta vinculado ao clube foi citado.
Esperamos que o Ministério Público e o Poder Judiciário, respeitado o devido processo legal, sejam rígidos na apuração dos fatos e que eventuais responsáveis sejam devidamente penalizados."
Confira a nota do Ypiranga
"O Ypiranga Futebol Clube, através desta nota oficial, vem se pronunciar a respeito do desdobramento da Operação Penalidade Máxima, realizada em Erechim e outras cidades, no dia de hoje, por forças policiais. Hoje pela manhã (terça-feira) um atleta recém chegado ao clube foi alvo da ação da investigação, na sua residência.
O clube ressalta que o atleta não participou de nenhuma partida pelo Ypiranga, e que o YFC nada tem de responsabilidade na presente ação. O nosso Departamento de Futebol juntamente com o Departamento Jurídico da instituição estão acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, ouvindo o atleta e seus representantes, preservando sua integridade profissional neste momento.
Ressaltamos que não compactuamos e repudiamos veementemente qualquer tentativa de manipulação de resultados, que ferem nossos mais altos valores éticos e esportivos. O clube busca tomar todas as medidas possíveis para evitar e coibir este tipo de ação."
O que diz a Federação Gaúcha de Futebol?
A reportagem de GZH questionou a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) sobre a investigação, e a entidade emitiu uma nota sobre a situação, reforçando a existência de uma parceria com uma empresa de monitoramento de apostas esportivas.
"A Federação Gaúcha de Futebol - FGF - informa que tomou conhecimento sobre os desdobramentos da operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, pelas notícias veiculadas na imprensa. A FGF possui parceria com a empresa de dados Sportsradar, que visa à integridade das ações esportivas, com monitoramento global de movimentações em mercados de apostas. Qualquer denúncia nesse sentido recebida pela FGF é repassada aos órgãos competentes para investigação: Polícia Civil, Ministério Público e TJD. Na semana passada, a diretoria da FGF esteve reunida com membros da Delegacia Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal com o intuito de estabelecer, também com essa autoridade, uma adequada troca de informações visando à integridade das suas competições".