O medo está presente em todas as idades, culturas, raças e espécies, mas há situações em que ele se manifesta com maior intensidade. Em graus diferentes, todos que entraram em campo em um Gre-Nal sentem este estado neurofisiológico se manifestar, mas poucos com a intensidade vivenciada no clássico de número 439.
Diferente de uma final, a recompensa pela vitória neste domingo é reduzida quando comparada com a consequência de uma derrota. Porque mais do que a chance de estancar uma crise que fez os torcedores dos dois lados sangrarem nas últimas semanas, o jogo das 18h30min, na Arena, deixa exposto o risco de que o buraco em que os dois lados estão afundados fique mais fundo.
Uma das reações a um sentimento que incomoda é a fuga. Quantas vezes se recorreu pela escalação de reservas? Nesta sétima rodada o Brasileirão, não há espaço para resignação. Resta encarar o problema para dissipar a tempestade.
Ao vitorioso há a oportunidade de mudar a trilha sonora de vaias estabelecida pelas duas torcidas nos jogos mais recentes em Porto Alegre. Também há a certeza de que os apupos se intensificarão, e as criticas ganharão proporções maiores em caso de derrota. Tudo porque, entre outros problemas, o sabor de comemorar três pontos está ausente há nove jogos, cinco do lado colorado e quatro do gremista.
— Frente à circunstância dos dois clubes e à rivalidade, é natural que exista um despertar de medo. O medo não é uma fraqueza emocional. É uma condição emocional. O que mostra um atleta emocionalmente bem preparado é a capacidade de desempenhar apesar do medo — explica o psicólogo do esporte Lucas Rosito, professor da PUCRS.
Anfitrião, o Grêmio corre para reaver o brilho surgido no começo do ano, mas que se extinguiu pouco a pouco. O resultado positivo pode ter a capacidade de silenciar críticas sobre o trabalho de Renato Portaluppi, reanimar torcedores e reencontrar a confinaça e ter dias de camlmaria.
Para o Inter, o apito final será uma espécie de encontro com o futuro. O recado de que o clássico será um divisor de água foi dado após a derrota para o América-MG, pela Copa do Brasil. Será uma última tentativa para restabelecer a liga criada no ano passado. O exemplo de mostrar que a reversão é possível é recente e apresenta coincidências com a atualidade. Em 2018, o time de Odair Hellmann largou mal no Brasileirão e seu trabalho seria encerrado em caso de derrota para o maior rival. O retrancão montado segurou o 0 a 0 e o emprego do treinador. A equipe chegou para o embate com uma sequência de quatro partidas sem gol, assim como os comandados de Mano Menezes.
Depois do desencontro de momentos e quatro clássicos seguidos pelo Gauchão, o Gre-Nal volta a ser disputado no Brasileirão.
Com tanto em jogo, torna-se compreensível o medo de fracassar.
— O medo é natural e corresponde ao fato de ter conexão com aquilo que lhe causa. Para não ter medo, tem que não estar conectado, não dar importância ou já saber o resultado — complementa Rosito.
Chegou a hora de colorados e gremistas enfrentarem o frio na barriga, porque não tem como fugir da responsabilidade de pelear no Gre-Nal 439.