Fabrício Neis foi um dos principais tenistas gaúchos da última década. Ao longo de 13 anos como profissional, ganhou mais de 40 títulos e derrotou alguns dos maiores nomes do planeta, como o grego Stefanos Tsitsipas e o russo Danni Medvedev. Em 2021, porém, decidiu abandonar o saibro e se aventurar no beach tennis. E deu certo. No último domingo (9), o porto-alegrense de 32 anos tornou-se o primeiro atleta a entrar no top-100 mundial das duas modalidades.
— Foi um objetivo que eu não imaginava alcançar tão rápido. Estou muito feliz com essa de ser o primeiro a atingir o top-100 nos dois rankings e muito mais feliz de representar a bandeira do Rio Grande do Sul e poder deixar esse legado agora também no beach tennis também — declarou o atleta, em entrevista ao podcast Saque na Cinco, de GZH.
A marca foi atingida após a conquista de dois grandes resultados no mês de abril. No dia 1, Neis foi campeão do ITF BT 50 de São Paulo, jogando ao lado do paulista Gustavo Russo. Já no último domingo (8), o atleta foi vice-campeão do ITF BT 200 de Indaiatuba-SP, atuando ao lado do gaúcho Natã Porte, 23 anos. Pouco cotada no início da competição, a dupla rio-grandense surpreendeu diversas duplas favoritas do circuito.
— Nós acreditamos na dupla e jogamos como dupla. O Natã é muito forte, explosivo e smasha muito bem. Já eu sou bem regular, saco bem e acabo ajudando no jogo dele. Ele é novo, enquanto eu sou mais experiente. Nós nos completamos e já estamos combinando de jogar mais torneios. Juntos, podemos fazer mais crimes contra as principais duplas do circuito mundial — aposta o ex-tenista e agora beach tenista.
Nos tempos de saibro, Neis era um especialista em duplas. Em 2016, alcançou a posição número 96 do ranking mundial da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), em 2016. Contudo, após se manter quase quatro anos pelo menos no top-150, o atleta sucumbiu às lesões e às dificuldades financeiras do tênis profissional.
— É um circuito cruel e muito difícil. O tênis sempre foi a minha vida e é um esporte a que só tenho que agradecer. Foi uma carreira vitoriosa, mas infelizmente não consegui prolongá-la por conta de algumas lesões e da falta de apoio e de dinheiro. Com a pandemia, decidi encerrar a minha carreira. Mas aí entrei no beach tennis e agora estou feliz da vida — completa.
Desde o início do ano, Fabrício Neis é empresariado pelo ex-meia da dupla Gre-Nal Paulo César Tinga, que assumiu a missão de angariar patrocinadores para alavancar não só a carreira de Neis, mas também de outros beachtenistas gaúchos.
— É o meu objetivo. O beach tennis é um ambiente que tem uma comunidade gigante, mas que ainda não tem muitos protagonistas. Por que então não ter grandes nomes com os quais as marcas possam olhar e se conectar? O meu propósito é mostrar um caminho e ajudar. Dei o "start" com o Neis, mas tenho certeza de que logo muitos outros atletas terão bons contratos para poderem treinar mais e se manterem em alto nível — conta o ex-jogador.
Hoje na posição número 79 do ranking mundial de beach tennis, Neis aposta no apoio de Tinga e na parceria com Natã para subir ainda mais degraus na modalidade.
— Dá para alcançar metas ainda maiores — desafia-se.
O Saque na Cinco, podcast de beach tennis de GZH e Rádio Gaúcha, tem episódio novo toda quarta-feira. As edições podem ser acessadas pelas principais plataformas de áudio, como Spotify e SoundCloud, além do site e aplicativo de GZH.