Ele não é o esporte mais popular do país. Não é ensinado nas escolas, nem está presente nas peladas de final de semana. Mas cresce em número de espectadores na TV e praticantes em campo a cada ano. É inegável que o futebol americano desperta a curiosidade em quem vê o jogo pela primeira vez. E é capaz de sustentar uma paixão mesmo em meio às dificuldades de manter uma modalidade cara e amadora.
— A NFL (liga norte-americana) é um dos principais motivos deste crescimento. Com a facilidade que temos hoje, com mais canais de streaming e TVs a cabo, o acesso é amplificado — define Philipi Dias, presidente da Federação Gaúcha de Futebol Americano (FGFA).
Um crescimento que poderá ser visto na prática a partir deste domingo (12), quando o Gauchão de futebol americano terá o seu kickoff. A peleia reúne seis equipes de diferentes rincões do Estado e tem mais 300 guris inscritos para correr atrás da bola oval.
Santa Maria Soldiers, Canoas Bulls e Gravataí Spartans jogam no grupo A, enquanto Porto Alegre Pumpkins, Carlos Barbosa Ximangos e Erechim Coroados duelam na chave B. Nos nomes, eles carregam o orgulho de representar o seu pedaço de chão.
Conforme dados da própria NFL, 2,5 milhões de brasileiros assistiram pela televisão ao Super Bowl vencido pelo Kansas City Chiefs em fevereiro. Os números representam um aumento de 19% em relação ao ano anterior e a maior audiência do evento no país em pelo menos uma década.
Nos nossos pagos, o Gaúcho Bowl de 2022 levou 1,2 mil torcedores ao Estádio dos Eucaliptos, em um domingo chuvoso de Santa Maria, para ver o Soldiers derrotar o Pumpkins na prorrogação. O recorde estadual é de 2016, quando 12 mil pessoas preencheram parte do anel inferior do Beira-Rio em final conhecida como Gigante Bowl.
Mas tudo isso só acontece com dinheiro desembolsado pelos próprios atletas. Eles pagam pelos equipamentos importados, pelas viagens, alimentação e até aluguéis dos campos. Há patrocinadores investindo nos times e ajuda de programas públicos de incentivo ao esporte, mas insuficientes. O Gauchão deste ano não terá nenhum patrocinador. Os recursos para compra de troféus, medalhas e auxílio para pintura dos gramados vêm unicamente da inscrição dos atletas.
— Há uma falta de incentivo. Chegamos a ter 15 equipes no torneio, em 2019, antes da pandemia. Mas alguns times precisaram fechar e outros optaram por não participar neste ano — assevera Winston Ponce, presidente do Bulls e vice da FGFA.
Os ingressos para as partidas são gratuitos ou com valores baixos, de cerca de R$10. Além do dinheiro dos atletas, os clubes fazem rifas, vaquinhas online e ações solidárias com a comunidade para se manter.
Hegemonia em verde e preto
Se os Chiefs de Patrick Mahomes dão início a dinastia vitoriosa na NFL, o Gauchão também tem a sua hegemonia. O Soldiers venceu as últimas cinco edições e tem sete títulos no total. Além da manutenção do elenco, aposta em um treinador estrangeiro para a temporada.
— Nosso objetivo é em melhorar o nível técnico da equipe, por isso trouxemos o coach Pérez, que é mexicano e tem mais de 25 anos de experiência em futebol americano — explica João Ilgenfritz, jogador e diretor de marketing.
Prestes a completar 20 anos desde a fundação, o Pumpkins busca uma revanche nesta temporada, depois de perder o título passado na prorrogação.
— Ficou uma sensação de que poderíamos ter vencido. Treinamos muito e temos certeza que podemos brigar novamente pela taça — revela o jogador Bruno Dreger.
Ouça o PrimeCast, podcast de esportes americanos de GZH:
Conheça os times:
Santa Maria Soldiers
- Fundação: 2009
- Onde joga: Estádio dos Eucaliptos (campo do Riograndense)
- Títulos: Sete
- Retrospecto: venceu os últimos cinco campeonatos disputados no Estado e defende a hegemonia nesta temporada. A nível nacional, participa da BFA, principal competição de futebol americano no Brasil. Chegou na final da Conferência Sul da BFA em três oportunidades (2017, 2018 e 2022), mas nunca venceu.
Porto Alegre Pumpkins
- Fundação: 2004
- Onde joga: Estádio do Coelhão em Guaíba
- Títulos: Quatro (2008, 2010, 2012 e 2014)
- Retrospecto: perdeu o título de 2022 para o Soldiers na prorrogação. Foi o primeiro time fundado no Rio Grande do Sul e venceu as duas primeiras edições do Gauchão. Nesta temporada, vai buscar o título que não vence desde 2014. A nível nacional, também participa da BFA e, no ano passado, foi eliminado na primeira rodada dos playoffs.
Canoas Bulls
- Fundação: 2007
- Onde joga: Centro Olímpico de Canoas
- Títulos: Nenhum
- Retrospecto: apesar de não ter vencido nenhuma edição do Gauchão, é um dos times mais tradicionais do Estado. Foi vice-campeão gaúcho em 2011. A nível nacional, joga a BFA e, em 2022, foi eliminado na primeira rodada dos playoffs.
Gravataí Spartans
- Fundação: 2016
- Onde joga: Campo da Associação da Morada do Vale (Acecovale) em Gravataí
- Títulos: Nenhum
- Retrospecto: é apenas a segunda participação do time no Gauchão, que jogou a edição de 2018, sendo eliminado na primeira fase. Chegou ao vice-campeonato da Copa RS, torneio gaúcho do segundo semestre, em 2019.
Carlos Barbosa Ximangos
- Fundação: 2011
- Onde joga: Campo do Palmeiras de Desvio Machado em Carlos Barbosa
- Títulos: Nenhum
- Retrospecto: vai para a quinta participação no Gauchão. Em 2019, venceu a Copa RS de futebol americano. A nível nacional, jogou a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2022, chegando até a semifinal do torneio.
Erechim Coroados
- Fundação: 2015
- Onde joga: Parque do Galo em Erechim
- Títulos: Nenhum
- Retrospecto: participa pela segunda vez do Gauchão. Em 2019, na estreia, chegou até a primeira rodada dos playoffs.
Calendário:
1ª rodada - 12 de março, às 14h30min
- Bulls x Soldiers
- Pumpkins x Ximangos
2ª rodada - 26 de março, às 14h30min
- Soldiers x Spartans
- Coroados x Pumpkins
3ª rodada - 16 de abril, às 14h30min
- Spartans x Bulls
- Ximangos x Coroados
Semifinais - 30 de abril
Final - 28 de maio