O quadro de funcionários do esporte da Globo passa por reformulações nos últimos tempos. Nomes famosos como Jota Júnior, Casagrande e até Galvão Bueno deixaram a emissora carioca após longo período de casa. Nesta quarta-feira (22), foi a vez do narrador Cléber Machado ser desligado do canal após 35 anos.
Cléber Machado, 60 anos, era o responsável pela transmissão dos jogos do futebol paulista. Nos últimos anos, o locutor perdeu prestígio interno no canal, deixando o posto de narrador número dois da emissora para Luís Roberto. Ele também não viajou para o Catar na cobertura da Copa do Mundo.
"Cleber esteve presente nos principais eventos esportivos nacionais e internacionais ao longo das últimas décadas e contribuiu para alimentar a paixão do brasileiro pelo esporte, especialmente o futebol", disse a emissora, em nota, ressaltando estar aberta para projetos futuros com o narrador.
Outros nomes que deixaram a Globo recentemente:
Galvão Bueno
Após narrar a eliminação do Brasil para a Croácia na Copa do Mundo do Catar, Galvão Bueno se despediu da Globo na transmissão da final entre Argentina x França, a sua décima decisão de um Mundial da Fifa. O narrador estava na emissora há 41 anos e não renovou o contrato, mas nem por isso vai deixar o microfone de lado.
Aos 72 anos, a nova empreitada de Galvão Bueno será no Youtube com o Canal GB, uma parceria com a plataforma de criação de conteúdos em vídeo Play 9. A estreia será no sábado (25), com a transmissão do amistoso entre Marrocos e Brasil, às 18h30.
Segundo o narrador, seu canal não irá se limitar ao futebol, também terá conteúdos voltados para o automobilismo. Os vídeos vão contar com a parceria do filho de Galvão, o piloto Cacá Bueno, da Stock Car.
Galvão Bueno ganhou notoriedade como narrador oficial da seleção brasileira na TV Globo, participando da cobertura do tetracampeonato mundial, em 1994, e do penta, em 2002. Versátil, ficou conhecido por narrar as vitórias do Ayrton Senna na Fórmula 1 e, mais recentemente, foi a voz do ouro de Rebeca Andrade na Olimpíada de Tóquio.
Jota Júnior
Dono de um estilo ímpar de narração, Jota Júnior anunciou sua dispensa da Globo no dia 14 de março. O locutor estava na emissora desde 1999 e completaria 24 anos de casa neste mês. Nos últimos anos, o narrador deixou de ser escalado para os principais jogos dos torneios transmitidos pelo SporTV, o canal de esporte fechado da Rede Globo.
"No mês em que completo 24 anos de casa, estou deixando o SporTV. Acabo de ser comunicado. Pouco a dizer, mas agradecer a todos que me acompanharam em meus trabalhos. As páginas da vida vão sendo viradas e novos capítulos estão sempre a nossa disposição. Que outros desafios apareçam, pois para a frente é que se anda", escreveu o narrador em sua página no Facebook.
O narrador trabalhou ainda em rádios de Americana e Campinas antes de migrar para a capital paulista, onde fez sucesso na Rádio Gazeta. O bom trabalho o levou para a Rádio Bandeirantes, emissora em que marcou seu nome e pela qual ganhou a primeira oportunidade de migrar para a TV. Na Band, narrou as Copas do Mundo de 1986, 1990, 1994 e 1998. Ele ainda não deu informações do que pretende fazer na carreira.
Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo
Os comentaristas de arbitragem Sandro Meira Ricci e Fernando Colombo foram demitidos da Globo na segunda-feira (20). O casal participava das transmissões e entradas ao vivo durante os jogos mostrados pela emissora. Além disso, pela primeira vez desde que Arnaldo Cezar Coelho começou seus trabalhos na Globo, em 1989, o canal deixará de contar com um árbitro para sanar as dúvidas de arbitragem.
Junto à demissão de Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo, a Globo anunciou também o fim do quadro "Central do Apito", criado em 2018 como o objetivo de aproximar o espectador das regras do futebol, mas ao longo dos últimos anos deixou de ser apreciado pelo público, principalmente nas redes sociais.
Paulo Vinícius Coelho
O comentarista Paulo Vinícius Coelho, mais conhecido como PVC, anunciou a sua saída da Rede Globo em janeiro deste ano. O jornalista era figura cativa nos programas do SporTV. O profissional vai comentar a Libertadores nos serviços de streaming da Paramount Plus e também passou a manter uma coluna no site Uol.
Walter Casagrande
O ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Júnior anunciou a sua saída da Globo em julho de 2022, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. Na postagem, ele afirmou que deixar a emissora carioca era um "alívio" tanto para ele quanto para a direção do canal.
— Depois de 25 anos de Globo, seis Copas do Mundo, cinco finais, incluindo a de 2002, com os dois gols do Ronaldo, três Olimpíadas e diversas finais de campeonatos por aí, meu ciclo acabou. Estou saindo da Globo hoje, não faço mais parte do grupo de esportes da TV. Vou seguir a minha estrada. Na realidade, acho que foi um alívio para os dois lados — disse.
Casagrande começou a carreira de comentarista ainda na década de 1990, na ESPN, pouco tempo após pendurar as chuteiras. Mas foi na Rede Globo onde se firmou e se tornou um rosto conhecido dos brasileiros nas transmissões esportivas, especialmente na cobertura da seleção brasileira e das equipes do futebol paulista. Atualmente tem uma coluna no site Uol.
Tino Marcos
Quem acompanhou os jogos do Brasil na Globo não esquece da presença de Tino Marcos. O repórter ficou marcado pelo trabalho acompanhando a seleção brasileira nos principais torneios ao redor do planeta. A sua saída ocorreu em fevereiro de 2021, após 35 anos no canal.
"Sabedor de que chegaria, vira e mexe eu pensava nele: o dia em que sairia da Globo. Ele deveria ser planejado pra, então, ser festejado. E chegou desse jeitinho mesmo. Com uma sensação bombando, justo a que eu mais desejava: a gratidão. Obrigado", escreveu em seu Twitter.
Tino Marcos chegou à emissora pela primeira vez em 1985, quando ainda era estagiário. Em maio do ano seguinte, foi contratado como repórter, função que ocupou até o início de 2021. Em 2019, tirou uma licença do trabalho por alguns meses.
Ao longo de sua carreira na emissora, cobriu inúmeros jogos da seleção brasileira, Copas do Mundo e Olimpíadas. "A Globo é a minha história, minha casa", disse. "Se alguém buscar no arquivo uma matéria do velho repórter, de qualquer época, vai encontrar sempre a expressão de um cara feliz fazendo aquilo. Portanto, valeu demais!", concluiu.