O bom desempenho da Aston Martin no Grande Prêmio do Bahrein de Fórmula 1, na abertura da temporada 2023, não animou apenas os pilotos Fernando Alonso e Lance Stroll, mas potencializou as ações da marca na Bolsa de Valores de Londres após o espanhol conquistar um lugar no pódio.
Se compararmos o valor das ações da Aston Martin no dia 2 de março, véspera do início das atividades do GP do Bahrein, e o dia seguinte à corrida, em 6 de março, houve um aumento de 30%, saltando de 212 libras (R$ 1.230,00, aproximadamente) para 276 libras (R$ 1.692,00) por ação.
Em 2022, a Aston Martin teve uma fraca participação na temporada e ficou na modesta sétima posição no campeonato de construtores. A melhor colocação alcançada nas provas foi o sexto lugar, conquistado por Sebastian Vettel, no Azerbaijão e no Japão, e por Lance Stroll, em Cingapura.
Para 2023, o tetracampeão Vettel deixou a categoria aos 35 anos e deu lugar ao bicampeão Fernando Alonso, 41, que trocou a Alpine pela Aston Martin. A equipe, cujo principal acionário é o canadense Lawrence Stroll, manteve em seu cockpit o filho do empresário, Lance, apesar dos resultados contestados. Quem também se somou à equipe foi o brasileiro Felipe Drugovich, atual campeão da Fórmula 2, para ser piloto reserva.
Trajetória
A Aston Martin participou brevemente da Fórmula 1 entre 1959 e 1960. Em 2021, a marca voltou a ser estampada na categoria, renomeando a Racing Point, antiga Force India.
A Force India entrou na F-1 em 2008, quando o empresário indiano Vijay Mallya comprou a equipe Spyker. Como esperado, o primeiro ano foi muito complicado, mas depois a equipe se encontrou, obteve bons resultados e se estabilizou no meio do pelotão. Problemas fiscais, com dívidas bilionárias, de Mallya na Índia tomaram proporções judiciais e inviabilizaram a escuderia.
Em 2018, a equipe foi vendida para Stroll, que já tinha o filho correndo na Williams, e foi rebatizada com o nome de Racing Point. Em 2020, surgiu a primeira grande polêmica. O carro apresentava várias semelhanças à Mercedes e foi ironicamente chamada de "Mercedes rosa", cor da equipe. Por causa da irregularidade, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) puniu o time com a perda de 15 pontos e multa de 400 mil euros.
No ano seguinte, o time mudou de nome e cor, mas não de dono. Agora com Vettel em um dos cockpits, ao lado do filho do proprietário, a Aston Martin esperava a redenção, mas colheu problemas com atuação modesta e um único pódio em duas temporadas.
Com um único GP em 2023, a Aston Martin já somou 42% dos pontos do último ano. Nos treinos, já ficou clara a capacidade do time de brigar no topo. A evolução da Red Bull impede que se sonhe com o título no momento, mas a escuderia está no mesmo patamar de Ferrari e Mercedes.
Alonso está muito empolgado com o carro. No rádio, em comunicação interna com a equipe durante a corrida, fez diversos elogios, especialmente quanto à dirigibilidade. O asturiano reconhece a dificuldade de buscar o tri, mas, depois de muitos anos com carros ruins, terá a oportunidade de exibir suas qualidades no início do pelotão.
O segredo da Aston Martin, porém, não está apenas na competência do piloto principal. Seu time técnico foi bem reforçado nos últimos anos, tirando engenheiros da Red Bull, como Dan Fallows, chefe de aerodinâmica, e Andrew Alessi, chefe de operações técnicas.
A similaridade do carro de 2023 com o da equipe austríaca tem suscitado questionamentos. Após o GP do Bahrein, o consultor da Red Bull, Helmut Marko, não poupou a Aston Martin.
— O que Fallows tinha idealizado não poderia ser apagada de sua cabeça. Dá para copiar com tanto detalhe sem ter dados do nosso carro? Tínhamos três Red Bulls no pódio, apenas o último com motor diferente — afirmou.
A Aston Martin, que sua motores Mercedes, terá de demonstrar na próxima etapa da temporada se de fato será competitiva e capaz de superar dúvidas sobre a lisura de seu projeto. A Fórmula 1 volta a acelerar no fim de semana do dia 19 de março, em Jeddah, na Arábia Saudita. Os sauditas também têm participação como sócios da Aston Martin. O fundo soberano do país é dono de 18% das ações.