A despedida de Bruno Soares do tênis profissional ocorreu em setembro, durante o Aberto dos Estados Unidos, o torneio que ele próprio diz ser o seu favorito e onde triunfou em 2016 e 2020 na chave de duplas e em 2012 e 2014 nas mistas. Mas a noite deste sábado (26), em Belo Horizonte, sua cidade natal, ficará guardada para sempre na memória do agora ex-jogador de 40 anos.
Em uma partida de duplas, com apenas um set de duração, Bruno dividiu a quadra por 12 games com o americano Bob Bryan, que ao lado do irmão gêmeo Mike dominou o circuito do tênis e venceu mais de uma centena de torneios. E do outro lado estavam o gaúcho Rafael Matos, hoje melhor duplista do Brasil, e o também mineito Marcelo Melo, companheiro de Soares em muitas jornadas ao longo de três décadas.
A partida divertiu e arrancou muitos aplausos dos mais de 10 mil espectadores que compareceram ao reinaugurado Ginásio Mineirinho, já que os quatro jogadores se divertiram jogando tênis, o esporte que Bruno disse "ter se apaixonado aos cinco anos", quando pegou a primeira raquete. Por não ser um jogo de competição, houve espaço para brincadeiras e interação entre eles e até com o público.
Quando o placar apontava 6-6 e sem registros de quebra de saque, Bruno Soares pediu o microfone e se dirigiu ao público, dizendo que jogaria o último tie-break da carreira " e que ele não poderia deixar de ser com o cara (Marcelo Melo) com o qual eu comecei a carreira". E dessa forma, os dois mineiros se colocaram lado a lado, pela última vez, e acabaram superando Matos e Bryan por 7-4, encerrando uma das mais vitoriosas carreiras de um atleta brasileiro.
Logo depois, algumas homenagens foram feitas em quadra e os três jogadores fizeram questão de reverenciar o dono da festa. Emocionado e às lágrimas, Melo relembrou os tempos em que atuaram juntos, desde os primeiros anos de vida até o profissionalismo.
— Foi um presente pra mim. No ano em que encerrei minha carreira, ter a oportunidade de fazer um encerramento com esse, em Belo Horizonte, no Mineirinho, recebendo duas lendas, o Rafa (Nadal) e o Casper (Ruud). E para a cidade um marco, ter o Nadal aqui, estádio lotado. É muito importante e isso fomenta o esporte, traz alegria para as pessoas. E pra mim um presente poder coroar a minha carreira jogando ao lado do meu ídolo (Bob Bryan), que hoje é um dos meus maiores amigos, e do Marcelo, já que a gente começou essa jornada aos 7 anos de idade — disse Bruno em entrevista após a partida.
O vencedor de cinco torneios de Grand Slam também falou sobre o legado que espera ter deixado para o tênis e o esporte brasileiro.
— Eu espero ter deixado muita alegria pra todo mundo. Quero ser lembrado pela pessoa que fui e não pelos títulos que conquistei. Espero ter motivado muita gente a jogar tênis, a garotada a treinar duro e acreditar nos seus sonhos. E espero ter dado um pouquinho de alegria, com os títulos, das vitórias. Mas o maior legado é o sorriso no rosto das pessoas.