Quantas histórias esportivas no Brasil merecem ser contadas? Quantas conquistas nossos atletas tiveram e, por falta de registros, ficaram no passado e se perderam com o passar do tempo? São perguntas que os brasileiros apaixonados por Counter-Strike, um dos principais jogos do mundo dos eSports, não precisarão fazer no futuro.
Desde outubro do ano passado, o gaúcho Lucas Machado, 36 anos, tomou a iniciativa de produzir um documentário contando a história do CS no Brasil, desde o fim dos anos 1990 até 2022, ano do primeiro Major do game em nosso país.
Formado em cinema e cansado da rotina de trabalhar no meio da publicidade, Lucas buscava algo que pudesse mudar o rumo de sua carreira. Foi aí que, assistindo a live de Gaules na Twitch, a ideia do projeto surgiu.
— Em alguma transmissão do Gaules, durante um bate-papo dele com o Michel e o Apoka, ele comentaram sobre alguma história do passado do CS e eu me interessei. Fui atrás e não achei nada sobre o assunto. Foi aí que eu pensei que ali poderia estar um caminho para me ajudar a sair da publicidade. Naquele momento eu decidi que eu faria o documentário sobre a história do Counter-Strike no Brasil — relembrou Lucas, em entrevista ao G-Start.
Lucas ressalta que esse trabalho se encerra no Major, justamente para dar a chance aos que tenham o interesse de seguir contando e documentando a história do Counter-Strike brasileiro possa fazê-lo.
— O brasileiro documenta a sua história muito mal. Seja no esporte, na história, na política e no eSports também. Eu sou fã de esportes americanos e se eles fizerem um filme sobre a bola de um campeonato será um filme maravilhoso. Eu decidi fazer porque eu sempre tive boas ideias que paravam no financeiro. Mas, dessa vez, eu falei para mim que dessa vez seria diferente e que se eu não fizesse, alguém iria fazer. Até torço para que venham pessoas para continuar contando essa história, porque a minha terminará no Major — explicou.
A ligação com o CS vem de muito tempo. Natural de Erechim, Lucas revela que na adolescência chegou a disputar campeonatos no interior gaúcho. Mas, como a maioria das pessoas na época, não imaginava o quão grande o jogo se tornaria, tampouco que existiria um cenário de eSports consolidado como o de hoje.
— Eu gosto muito de videogame. Se eu soubesse que seria uma profissão teria começado a jogar antes. Sempre joguei nos consoles porque não tinha computador que rodasse os jogos em casa. Eu me apaixonei pelo CS com o surgimento das lan houses — comentou.
O documentário será lançado em plataforma independente, onde os interessados em assistir comprarão espécie de ingresso e terão a sua disposição todos os episódio, além de materiais extras das gravações e bastidores do documentário que ficarem de fora da produto final.
Serão nove episódios de aproximadamente 50 minutos para contar a história do CS no Brasil através de depoimentos dos personagens que participaram do início do cenário competitivo do jogo e dos que vivem nele atualmente. Lucas Machado também criou no YouTube o canal Museu do CS, onde estão sendo disponibilizadas demos (gravações de partidas) de confrontos históricos do CS 1.6.
— Durante o projeto trouxemos um historiador que conhece entende muito da história do CS que é o Chovinista e, no meio dessa pesquisa do documentário, nós estamos conseguindo muitas demos históricas. E elas não vão inteiras para o documentário, elas vão ilustrar. Foi aí que o Chovinista teve a ideia de criar o canal no YouTube para que jogássemos os vídeos completos lá — ressaltou.
Lucas também afirma que o documentário é um projeto totalmente independente. Ele conseguiu o apoio da empresa de Gaules e da CBCS para divulgação e desenvolvimento da plataforma de streaming. Entretanto, os custos com viagens para as gravações, equipe de roteiro e edição, e demais despesas, todas saem do seu bolso.
— Se eu for contar a equipe de pós produção, o documentário está saindo entre R$ 100 e R$ 150 mil. Claro que eu ainda não desembolsei esse valor, até porque eu não tenho, mas se for colocar na conta todo mundo que receberá após o lançamento do documentário, esse será o custo total, mais ou menos — finalizou.
Ao todo, serão aproximadamente 120 pessoas entrevistadas por Lucas para a construção do documentário. A ideia é que o projeto seja lançado em três partes com três episódios de cada vez. O intervalo entre cada lançamento será de aproximadamente 20 dias.
Para que o consumidor que adquirir o ingresso para a plataforma não fique sem conteúdo, o projeto também prevê episódios comentados pelos entrevistados e muito conteúdo extra. Principalmente sobre o Major do Rio de Janeiro.