Um dos principais nomes do esporte no País, Luca Kumahara assumiu ser trans em 13 de setembro e recebeu apoio da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e da comunidade olímpica. Com currículo de três participações em Jogos Olímpicos e com medalhas em competições importantes, como o bronze no Jogos Pan-Americano de 2015 na categoria individual, quando jogava com o nome de Caroline, o atleta obteve nesta quarta-feira (12) o primeiro grande resultado depois que passou a ser identificado por seu nome social.
Aos 27 anos, Luca venceu o torneio individual feminino dos Jogos Sul-Americanos, que estão sendo disputados em Assunção, no Paraguai. Na decisão, Kumahara venceu a argentina Camila Arguelles, por 4 sets a 1 (11/8, 11/7, 11/8, 6/11 e 13/11), em confronto equilibrado e decidido nos detalhes,após 42 minutos de partida.
— Joguei algumas vezes com a Camila neste último ano e tinha uma ideia do que precisava fazer. Sabia que precisava ser muito agressiva, não podia deixar ela impor o ritmo, por isso tinha que estar preocupado em impor o meu ritmo. Taticamente fui ajeitando durante o jogo— avaliou.
Assim como já fizeram Maria Joaquina (patinação artística), Pedro Petry (jiu-jitsu), Marcelo Nascimento (futebol), Tifanny Abreu (vôlei) e Anne Viriato (MMA), Luca é o primeiro atleta transgênero do tênis de mesa.
Neste primeiro momento a transição de Luca é apenas do nome social, sem tratamento hormonal, e ele continuará apto a disputar competições femininas, pois, biologicamente, cumpre todas as regras esportivas, sem prejuízo algum para os adversários.
— Estou muito feliz por ter conquistado meu primeiro título oficialmente como Luca Kumahara. Antes algumas pessoas sabiam de minha mudança, outras não, mas publicamente é a minha primeira conquista com meu novo nome — afirma Luca
Em Assunção, Luca Kumahara tem três pódios. Antes do ouro individual, ele obteve duas medalhas de bronze, nas duplas feminina e mista, com Beatriz Kanashiro e Guilherme Teodoro, respectivamente.
— Gostaria de agradecer todo o acolhimento que estou recebendo. O carinho, o apoio e o suporte, que não está sendo pequeno. Estava um pouco ansioso e receoso de como seria a recepção aqui, mas desde o início o Time Brasil e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) foram impecáveis comigo, me chamando de Luca, fazendo eu me sentir muito bem para jogar, com uma preocupação a menos e uma comodidade a mais. É um passo muito importante para mim e trazer isso publicamente foi muito impactante a nível pessoal, mas não sabia que iria impactar tanto a nível profissional. Eu não esperava tanto suporte —concluiu o mesa-tenista.