Depois de cinco anos da aposentadoria do jamaicano Usain Bolt, o atletismo sonha em encontrar um novo rei das provas de velocidade no Mundial que começa na próxima sexta-feira (15) em Eugene (Estados Unidos), com candidatos como o italiano Lamont Marcell Jacobs, campeão olímpico, e o americano Erriyon Knighton, jovem promessa de 18 anos.
Quatro atletas dividiram os títulos nos 100 e 200 metros rasos masculino desde que Bolt se despediu das pistas com os oito ouros olímpicos que conquistou entre os os Jogos de Pequim 2008 e Rio 2016.
No último Mundial, em Doha 2019, os vencedores foram os americanos Christian Coleman (100m) e Noah Lyles (200m), e nos Jogos de Tóquio do ano passado foi a vez de Jacobs (100m) e do canadense André de Grasse (200m) ficarem com o ouro.
Todos eles estão prontos para a batalha de Eugene (de 15 a 24 de julho), ao lado de outros atletas que querem brilhar competindo em casa, como Fred Kerley e Trayvon Bromell, os homens mais rápidos do ano nos 100m (9.76 e 9.81), além de Knighton, detentor da melhor marca de 2022 nos 200m (19.49).
Entre todos os favoritos, é justamente Jacobs quem chega para o evento sob dúvidas por conta dos problemas físicos que o impediram de competir este ano.
O velocista, filho de mãe italiana e pai americano, foi campeão do mundo nos 60m de pista coberta em Belgrado em meados de março, mas não pôde correr em nenhuma prova internacional nos 100m.
No final de junho, ele se retirou da disputa da etapa de Estocolmo da Liga Diamante antes do evento por dores no glúteo, que se somam a outra lesão na coxa sofrida nas últimas semanas.
Jacobs, de 27 anos, ficou sem a preparação desejada a apenas duas semanas de enfrentar adversários como Fred Kerley, prata em Tóquio, que nas semifinais do campeonato americano conseguiu a impressionante marca de 9.76.
Kerley, também de 27 anos, está classificado para as provas de 100m e 200m na pista do Hayward Field de Eugene.
O fenômeno Erriyon Knighton
Embora Jacobs e Kerley atraiam boa parte das atenções, o velocista que defenderá o título dos 100m é o polêmico Christian Coleman.
O atleta de Atlanta (Geórgia) tampouco parece chegar em sua melhor forma com apenas dois meses de competição nos 100m, depois de cumprir a suspensão que o tirou dos Jogos de Tóquio.
Coleman, de 26 anos, foi suspenso por 18 meses por descumprir o código antidoping, ao não comparecer a três testes.
Nos campeonatos americanos de junho, Coleman conseguiu o melhor tempo das semifinais (9.87) e, com a classificação para Eugene garantida por ser o atual campeão, decidiu não disputar a final.
Nos 200m será o americano Noah Lyles, de 24 anos, que colocará seu título mundial em jogo frente a adversários ferozes como De Grasse.
O canadense se recuperou da derrota para Lyles em Doha 2019, onde foi prata, ao conquistar o ouro nos Jogos de Tóquio, onde o americano foi o terceiro.
Mas a hegemonia de Lyles e De Grasse nesta prova pode estar ameaçada com ascensão de Erriyon Knighton, o último atleta a ser qualificado como o "novo Bolt".
Rótulos à parte, Knighton vem sendo a sensação das provas de velocidade nos últimos dois anos com uma série de resultados comparáveis aos do mito jamaicano quando tinha sua idade.
Em 30 de abril, a joia nascida em Tampa (Flórida) bateu o recorde mundial sub-20 de Bolt em mais de quatro décimos, ao marcar o tempo de 19.49.
Knighton, que meses antes tinha sido quarto em Tóquio, tornou-se o quarto velocista mais rápido da história com essa marca, sendo superado apenas por Bolt, o também jamaicano Yohan Blake e o americano Michael Johnson.
Depois de ser batido por Lyles por centésimos no campeonato americano, o jovem prodígio quer alcançar em Eugene o grande triunfo que o transformará de promessa em realidade.
* AFP