O goleiro Vitinho, da Assoeva, é o outro personagem (ainda que involuntário) da cena que marcou a rodada do Gauchão de Futsal. Foi ele quem sofreu a lesão que motivou o ato de fair play do jogador Kaue, do Lagoa EC, em Lagoa Vermelha. Com o oponente machucado, gritando de dor, o atleta do time da casa abriu mão de marcar o gol que selaria a vitória de sua equipe, e, de quebra, deixou de homenagear a filha de cinco meses, que precisou ficar internada para tratar um grave problema de saúde.
Os exames de imagem trouxeram um alívio ao goleiro. Após o susto e de ter saído carregado de quadra, não teve uma lesão mais grave. Sofreu um estiramento no ligamento do tornozelo direito. Vitinho encaminhou uma mensagem de agradecimento a Kaue pela atitude. De Venâncio Aires, ele concedeu a seguinte entrevista.
Como foi a lesão?
Graças a Deus, não foi tão grave, não teve fratura, só um problema nos ligamentos. Na hora, tive a sensação de ter quebrado ou até coisa pior. A dor foi gigante, dá para ver pela foto. Pude tirar a muleta e voltar a caminhar. Logo, logo estou de volta.
Chegou a ver o Kaue atravessando a quadra e colocando a bola para fora?
Quando vi, o Kaue estava chutando a bola para fora, praticamente do meu lado. Não vi nem o lance inicial, que a bola deu no travessão. Só lembro de olhar para o juiz e pedir: "Para o jogo, pelo amor de Deus!". A dor era muito grande.
Só viu depois então? O que dizer sobre o lance?
Vi com calma no dia seguinte. É digno de enaltecer, foi um lance fantástico. Kaue merece o crédito porque não são todos os jogadores que fariam isso. Tem gente que, no calor da emoção, nem é por maldade, não teria pensado nisso. Ainda mais no caso dele, querendo fazer um gol para dedicar à filha. É um sentimento puro, que vem de casa, vem de berço.
Que lição fica da atitude?
Ele podia muito bem ter feito o gol e depois eu ter recebido o atendimento, não mudaria quase nada, dois, três segundos e eu estaria sendo atendido. Mas foi além. Mostra respeito. E como nosso esporte tem a crescer. A próxima geração viu um exemplo de como deve ser o comportamento. Não é porque tem um adversário que tem que matar, odiar. É para aprender a ter empatia pelo próximo, no esporte e na vida. Será muito bom se todos aprendermos.