O Brasil não conquistou o título mundial de Fifa na categoria 11, mas terá mais duas oportunidades de buscar o topo do mundo. São duas competições de 2x2, onde os brasileiros entram com possibilidade de taça. Uma já começa nesta quarta-feira (20), o FIFAe Clubs Series. Esse é o assunto do sexto episódio do G-Start, podcast de GZH sobre eSports.
A competição é disputada entre os clubes e organizações de eSports. O formato é de grupos e depois mata-mata, onde dois jogadores de cada equipe se enfrentam, controlando o mesmo time. O modelo de jogo é algo que agrada os atletas, já que diminui a autonomia da máquina (jogadores controlados pelo jogo) durante o confronto. A outra competição é a FIFAe Nations, disputada no mesmo formato, porém entre seleções dos países.
Campeão mundial de Fifa em 2019, o gaúcho Henrique Lempke, o Zezinho, entrará em campo para buscar o seu segundo título, só que dessa vez no 2x2. Ao lado do argentino Diego González, o brasileiro defenderá a DUX Gaming, organização espanhola que defende desde o início da temporada. Além de Zezinho, o Brasil também estará representado no Clubs Series pela dupla Gabriel Crepaldi e Felipe Barreto, que defendem a MGCF, time brasileiro.
Antes da pandemia, o gaúcho de Camaquã defendia o Benfica, de Portugal. Porém, com o crescimento do cenário competitivo de futebol virtual, as transferências entre equipes dos atletas se tornaram mais comuns.
— Essas mudanças vêm ocorrendo nos últimos anos. Quando eu comecei em 2017, já havia outras organizações nos jogos de FPS (jogos em primeira pessoa) e no League of Legends. No Fifa, era tudo muito novo e as organizações ainda tinham receio de investir e a gente via muitos poucos times nos eSports. Hoje em dia, a gente vê muitos clubes de futebol investindo principalmente porque existem as ligas nacionais — explica.
Diferentemente do que ocorreu em 2019, Zezinho ficou 2022 inteiro longe de casa. Defendendo a organização espanhola, o brasileiro treinou e competiu no México. Algo que ainda não tinha experimentado na sua carreira.
— É muito diferente de tudo que eu já tinha vivido. Nós tínhamos muitas competições fora do Brasil. Acredito que eu viajei umas 12 vezes em 2019 para fora em um período de sete meses. Mas sempre voltava para casa para ficar com a família. Agora, eu fiquei sete meses no México, já que eles prolongaram a temporada — comenta.
Além do período na América do Norte, visando as competições mundiais, Zezinho foi para a Espanha se preparar. A intenção era enfrentar mais adversários e se adaptar ao estilo de jogo dos europeus, mesmo que para isso fosse necessário ficar mais tempo longe de casa.
Assim como em outros games do cenário mundial de eSports, a Europa é o principal centro para treinamentos. A estrutura disponível e a facilidade para realizar testes contra adversários fortes são os principais atrativos do velho continente.
— Na pandemia, a gente não tinha como saber qual era a melhor região. O último campeonato que ocorreu antes da parada foi eu que ganhei em Paris e a gente mostrou que a América do Sul estava em um nível acima. E agora, com a volta das competições presenciais, dá para perceber que a Europa está acima. Além de ter mais jogadores, o jogo é mais rápido e por isso, a gente não teve tantos resultados positivos no 1x1 — lamentou Zezinho que foi eliminado nos playoffs individuais, faltando um jogo do Mundial.
Macetes e bugs do Fifa dificultam o crescimento do cenário
A falta de união entre os jogadores de Fifa é algo que preocupa Zezinho. O jogador comentou sobre vários "macetes" encontrados no jogo para que seja possível a marcação de gols. Os bugs são comuns no game desenvolvido pela EA Sports e todos os atletas do competitivo utilizam do artifício para vencer jogos e se classificar para os grandes eventos.
Questionado sobre se os atletas não poderiam entrar em um acordo para não utilizar as "manhas" durante os torneios, o gaúcho foi direto:
— Para isso, teria que existir uma aproximação entre os jogadores. No Fifa, se o meu controle estragar e eu não conseguir mexer os meus jogadores, o meu adversário vai aproveitar e fazer o gol. E, por experiência própria, o gol será validado e eu vou ter que correr atrás do resultado. O Fifa é o jogo mais sem fair play e, apesar de todo mundo dizer que seria muito bonito se existisse uma união entre os atletas, na primeira oportunidade que cada um tem de ferrar o outro, eles aproveitam — lamenta.
Para a próxima temporada, Zezinho espera que muitas coisas mudem no competitivo do Fifa. A principal reclamação dele e dos demais jogadores foi o formato e o regulamento para a classificação aos playoffs, último campeonato antes do mundial.
— Acredito que teremos algumas mudanças. Principalmente em pontos que reclamamos. Para os playoffs desse ano, dos 128 jogadores que jogaram o torneio, 57 vieram de Ligas nacionais e o resto via ranking. Se tu não viesse de uma liga muito difícil, tu conseguiria a classificação. Essas coisas devem mudar. As ligas podem e devem dar pontos, mas a vaga para os playoffs tem de sair pelo ranking — finaliza.