O corredor Lewis Hamilton, 37 anos, se pronunciou na manhã desta terça-feira (28) pelas redes sociais após a repercussão de um vídeo de 2021 em que Nelson Piquet, 69, utiliza um termo racista para se referir ao colega de esporte.
Nas imagens, o ex-piloto brasileiro chama o heptacampeão de "neguinho" ao comentar um acidente envolvendo o inglês e Max Verstappen, durante o Grande Prêmio de Silverstone de Fórmula 1, na Inglaterra, em julho do ano passado.
— O neguinho meteu o carro e não deixou (Verstappen desviar). O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro se f*. Fez uma p* sacanagem — disse Piquet, na época, em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira.
Piquet ainda comparou a batida entre os pilotos da Mercedes e da Red Bull com a colisão de Ayrton Senna e o corredor francês Alain Prost. O caso ocorreu na largada do GP do Japão em 1990. Nesse ano, o brasileiro conquistou o título.
— O Senna não fez isso. O Senna saiu reto — disse Nelson.
Depois do vídeo viralizar e de muitos internautas acusarem Nelson de racismo, Lewis utilizou o Twitter para se manifestar sobre o caso. "É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e virei alvo disso ao longo de toda minha vida. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", comentou.
Em outro tweet, Hamilton faz um convite para que todas pessoas mudem sua mentalidade. O corredor também interagiu com alguns fãs e seguidores. Um dos internautas escreveu "E se Lewis Hamilton tivesse tuitado: 'Quem é Nelson Piquet'?". De forma humorada, o corredor respondeu: "Imagine".
Posicionamento das entidades esportivas
Fórmula 1, Mercedes e a Federação Internacional do Automóvel (FIA) emitiram comunicados nesta terça-feira condenando a fala do ex-corredor brasileiro e enaltecendo a importância e o papel de Lewis na luta constante a favor da diversidade e contra o preconceito.
"Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o que estamos comprometidos na F1", disse o comunicado da organização.
A Federação Internacional do Automóvel manifestou apoio a Hamilton e condenou a atitude de Piquet. "A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor", disse a mensagem.
A Mercedes, atual equipe de Hamilton, comentou sobre o caso e defendeu o piloto. "Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e este episódio destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor", escreveu em comunicado.
Até o momento, Nelson Piquet não comentou sobre a fala.