Depois de ver Gabriel Medina se sagrar tricampeão mundial de surfe na temporada passada, o Circuito Mundial da modalidade retorna neste sábado (29), com a primeira etapa do ano, em Pipeline, no Havaí, um dos lugares preferidos dos surfistas com suas ondas perfeitas. Essa será a primeira das 11 paradas da competição, que acaba em setembro, com a grande final sendo realizada em Trestles, nos Estados Unidos, entre 8 e 16 de setembro.
O começo, no entanto, será um pouco menos impactante para os brasileiros. Isso porque Medina anunciou no começo desta semana que está fora pelo menos das duas primeiras etapas desta temporada para cuidar da sua saúde mental e física — além de desfalcar a "Brazilian Storm" em Pipeline, também ficará de fora de Sunset Beach, no meio de fevereiro. Na quinta, foi oficializado o fim do casamento do surfista com a modelo Yasmin Brunet.
"No ano passado, vivi uma montanha russa de emoções dentro e fora da água, o que afetou muito minha saúde mental e física. Ao final da temporada, eu estava completamente esgotado. Cheguei no meu limite. Tomei minha vacina durante as férias e achei que ia conseguir me preparar a tempo para a primeira etapa da nova temporada, que começa em um dos meus picos favoritos no mundo, Pipe. Não foi o caso. Decidi que não viajarei para o Havaí e vou tirar um tempo para que eu possa me recuperar mental e fisicamente", escreveu, em comunicado feito em sua conta no Instagram.
Sem o atual tricampeão do mundo, o Brasil iniciará a disputa de mais um troféu (Adriano de Souza e Italo Ferreira também já conquistaram o título mundial) com velhos conhecidos, como o próprio Italo, Filipe Toledo (vice-campeão em 2021), Yago Dora (machucado, atualmente), Jadson André, Miguel Pupo e Deivid Silva, mas também com estreantes na elite mundial — casos de Samuel Pupo (irmão de Miguel) e João Chianca, o Chumbinho, ambos com 21 anos. Além deles, Caio Ibelli irá substituir Medina no Havaí.
O grande rival dos brasileiros na temporada será um surfista que perdeu a última temporada por conta de uma grave lesão: John John Florence. O havaiano bicampeão mundial está recuperado e vem imbatível com dois títulos em eventos da divisão de acesso disputados na ilha de Oahu nos últimos meses.
No feminino, a pentacampeã mundial Carissa Moore buscará o hexa, mas terá de superar grandes adversárias. A única brasileira na disputa é Tatiana Weston-Webb, vice-campeã na temporada passada e um dos principais nomes para impedir mais um título da havaiana.
Assim como em 2021, os campeões desta temporada do circuito serão definidos na WSL Finals em setembro, em Trestles, na Califórnia. Outra novidade para 2022 será o corte após a quinta etapa, em Margaret River, na Austrália, com as etapas tendo o número de participantes reduzido de 34 para 24 homens e de 17 para 12 mulheres. Assim, a segunda metade da temporada, a partir da Indonésia, contará com menos participantes, que buscarão chegar ao top 5 até a etapa final.
O que significa a ausência de Gabriel Medina nas duas primeiras etapas?
Atualmente, o circuito mundial de surfe tem 10 etapas, mas tem um corte de atletas depois da quinta, quando apenas 24 competidores disputarão as cinco vagas na grande final. Caso o brasileiro decida voltar em Peniche, em Portugal, no dia 3 de março, ele teria apenas três etapas para ganhar 12 posições no ranking e seguir na briga pelo tetracampeonato. Ele precisaria ir bem em Bells Beach e Margaret River Pro, ambas na Austrália.
Se isso realmente ocorrer e ele conseguir ficar entre os 22 surfistas da segunda metade do ano, poderá descartar dois dos resultados obtidos nas 10 etapas que servem como classificação para a fase final do Mundial. Medina pode, então, não precisar dessas etapas iniciais. Mas não terá mais o conforto de poder ignorar um resultado ruim durante o resto do campeonato.
Os favoritos
Filipe Toledo
Apesar de não ter participado das Olimpíadas de Tóquio no último ano, Filipinho, como é conhecido, foi vice-campeão mundial, perdendo para Gabriel Medina em duas baterias acirradas em Trestles. Pelo desempenho na temporada passada, surge como uma das possibilidades de levar o título para casa (já bateu na trave em outras oportunidades).
Italo Ferreira
Campeão mundial em 2019, quando superou o compatriota Gabriel Medina, Italo venceu a medalha de ouro no Japão, no ano passado. Cada vez melhor fisicamente, é uma das esperanças dos torcedores brasileiros para trazer o troféu mais uma vez para a América do Sul — especificamente, para a Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, onde ele nasceu.
John John Florence
Foi o grande concorrente dos brasileiros nas últimas temporadas, mas conviveu com lesões e deixou o circuito em meio à disputa em duas oportunidades. Quando esteve na sua melhor forma, foi bicampeão mundial (2016 e 2017). Recuperado de lesão, fez uma forte pré-temporada e pode incomodar a supremacia brasileira na WSL.
Calendário das etapas
- Pipeline, Havaí - 29/1 até 10/2
- Sunset Beach, Havaí - 11/2 até 23/2
- Peniche, Portugal - 3/3 até 13/3
- Bells Beach, Austrália - 10/4 até 20/4
- Margaret River, Austrália - 24/4 até 4/5
- G-Land, Indonésia - 28/5 até 6/6
- Surf City, El Salvador - 12/6 até 20/6
- Saquarema, Brasil - 23/6 até 30/6
- Jeffreys Bay, África do Sul - 12/7 até 21/7
- Teahupoo, Taiti - 11/8 até 21/8
- Trestles, Estados Unidos - 8/9 até 16/9 (final)
Os últimos campeões
- 2021 - Gabriel Medina
- 2020 - Cancelado pela pandemia de covid-19
- 2019 - Italo Ferreira
- 2018 - Gabriel Medina
- 2017 - John John Florence