Nesta semana, Porto Alegre será a capital mundial do beach tennis. Espécie de mistura de tênis e vôlei de praia, o esporte virou febre nacional em 2021 e ganha cada vez mais adeptos no Rio Grande do Sul. Entre sexta (26) e domingo (28), a cidade sediará pelo segundo ano consecutivo a Sul Special Cup, etapa válida pelo circuito internacional da modalidade. A competição receberá alguns dos principais atletas do mundo, como o espanhol Antomi Ramos, 28 anos, e o catarinense André Baran, 30, respectivamente número 4 e 7 do ranking mundial e que formam a dupla favorita ao título.
GZH transmite o evento de forma ao vivo nesta página a partir das 15h.
— Me impressiona como o beach tennis pegou muito no Brasil. Acredito que, por ser um esporte fácil de aprender e que qualquer um pode jogar. Hoje, em nenhum lugar do mundo há tanta gente jogando quanto no Brasil. E muitas pessoas me falaram bem deste torneio em Porto Alegre, que ocorreu no ano passado também. Como será o primeiro de uma série de torneios que ocorrerão no Brasil agora, fiquei com vontade de participar. Vi que o Baran estava sem parceiro e o convidei para jogar — relata Ramos, que já ocupou o topo do ranking mundial em 2019.
Baran venceu a Sul Special Cup em 2020, quando atuou ao lado do carioca Vinícius Font, também ex-número 1 do mundo. Ex-tenista profissional, o atleta nascido em Brusque formou dupla com Gustavo Kuerten no Brasil Open de 2008, competição que marcou a despedida de Guga das quadras. Porém, Baran acabou não conseguindo se manter no circuito profissional e, anos depois, ingressou no beach tennis, onde em pouco tempo se tornou o número 1 do Brasil.
— Entrar na quadra com o Guga foi um dos momentos mais especiais da minha vida. Mas, depois, passei a me cobrar muito e a pressão do tênis começou a me fazer mal. Perdi o prazer de jogar e parei. Anos depois, alguns amigos me convidaram para jogar beach tennis em Camboriú e aquilo reacendeu a minha chama de competir. Este esporte mudou a minha vida. Me sinto realizado — explica Baran.
Nos outros países, as competições têm apenas a categoria profissional. Aqui, a procura dos amadores é impressionante. O torneio é peça importantíssima da competição
No circuito feminino, as favoritas são as paranaenses Marcela Vita, 32 anos, e Vitória Marchezini, de apenas 15 anos, que são as atuais campeãs da Sul Special Cup e vêm embaladas pela conquista do Sand Series de Brasília, em outubro, quando venceram na final as italianas Giulia Gasparri e Ninny Valentini, a melhor dupla do mundo no circuito.
— Estamos vindo de uma vitória supergrande no torneio mais importante do circuito, mas, jogar em Porto Alegre é simbólico para nós, pois foi o nosso primeiro título como dupla. É um esporte que vem crescendo no Brasil, muito mais que em outros países, e que tem o poder de unir as pessoas. Eu e a Vitorinha estamos nos dando superbem e procuramos acima de tudo nos divertir na quadra. O resultado é consequência. Acho que é por isso também que a parceria vem dando certo — explica Marcela Vita, número 9 no ranking mundial.
A Sul Special Cup será disputada no It’s Esportes e Eventos, no bairro Navegantes, reunirá 120 atletas profissionais e renderá, às duplas vencedoras, 100 pontos no ranking mundial da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês). Em 2021, a competição terá entrada gratuita e transmissão ao vivo pelo youtube de GZH. A competição é organizada pelo italiano Alex Mingozzi, 40 anos, ex-número 1 do mundo e atual técnico da seleção brasileira de beach tennis. Ele mora em Porto Alegre desde 2014, quando se casou com a agrônoma gaúcha Mariana Aquino, 36 anos.
— Por toda a minha história no beach tennis, eu sentia que tinha essa responsabilidade de organizar uma etapa do circuito mundial aqui em Porto Alegre, uma das cidades onde o esporte é mais praticado no país. E conseguimos, pelo segundo ano seguido, trazer grandes nomes do cenário nacional e internacional. Daqui para frente, o meu objetivo é fazer a cada ano um evento ainda maior — projeta Mingozzi, natural da província de Ravenna, norte da Itália, onde o esporte foi criado nos anos 1980.
Competição amadora une casais, familiares e amigos em torno do esporte
Em paralelo à disputa dos profissionais, a Sul Special Cup terá ainda mais de 20 categorias amadoras, com divisões por nível técnico, gênero e idade. A expectativa é de que mais de 600 atletas amadores participem do torneio, incluindo iniciantes, intermediários e avançados.
— Isso é algo que existe só no Brasil, pelo enorme número de praticantes. Nos outros países, as competições têm apenas a categoria profissional. Aqui, a procura dos amadores é impressionante. Então, o torneio é uma peça importantíssima da competição — explica Mingozzi.
Na lista de inscritos das categorias amadoras, chama atenção a presença de duplas formadas por casais, pais e filhos, e amigos de todas as idades.
— Vou jogar na dupla mista com o Sérgio, meu namorado. Adoramos jogar torneios e, hoje, os nossos finais de semana acabam girando em torno das competições. Mesmo quando não nos classificamos para as finais, a gente gosta de ficar até o fim torcendo pelos tantos amigos que fizemos neste esporte. Esses dias, marquei um jogo com amigas de 15, 16 anos. E, além disso, o beach tennis nos aproximou como casal, pois é uma paixão que sempre tivemos em comum — explica a promotora de justiça Camila Cunha, 43 anos, que, desde 2019, joga com o namorado, o também promotor de justiça Sérgio Harris, 48 anos.
Já a estudante Daniela Bozko, 16 anos, durante a pandemia, trocou o tênis pelo beach tennis, mesmo sendo considerada por todos uma promessa do saibro. Hoje, a atleta se destaca nas competições amadoras jogando com os amigos Manuela Carpes, 16, na feminina, e Rafael Padilla, 14, na mista, e foi convocada para defender o Rio Grande do Sul na Copa das Federações, no início de novembro, na categoria C.
— No tênis, o ambiente é muito sério, e a pressão dos torneios fez eu parar de competir. Mas, quando me convidaram para jogar beach tennis, eu gostei muito do ambiente descontraído, especialmente nas competições. É muito mais fácil de fazer amigos do que no tênis — explica.
A alegria de Daniela com o esporte chamou atenção dos familiares, que também decidiram aprender a jogar, Hoje, o pai, o médico Marcelo Bozko, 47, anos, a mãe, a enfermeira Alessandra Bozko, 47 anos, e o irmão, Rodrigo Bozko, 15, divertem-se juntos nas areias da Capital e do litoral. Na Sul Special Cup, Alessandra e Rodrigo competirão juntos na dupla mista.
— No início, só íamos assistir a Dani nos torneios. E ela sempre vinha muito feliz, então nós decidimos aprender também. E como sou supercompetitiva, convidei o Rodrigo para jogar comigo as competições. E estamos adorando. Vejo que muita gente da minha idade que nunca fez esporte nenhum está jogando, pois é um esporte muito fácil de aprender — explica Alessandra.
No próximo final de semana, atletas amadores, como Camila, Sérgio e a família Bozko, e profissionais, como André Baran, Antomi Ramos, Marcela Vita e Vitória Marchezini, estarão juntos em Porto Alegre em busca do troféu da Sul Special Cup e do sonho comum de fazer o beach tennis crescer ainda mais.
Serviço:
O que: Sul Special Cup, estapa de Porto Alegre do circuito mundial de beach tennis
Quando: de sexta (26) a domingo (28)
Onde: No It's Esportes e Eventos (Rua Dona Margarida, 888 - bairro Navegantes)
Como assistir: a transmissão dos principais jogos será realizada no youtube de GZH
Sobre o beach tennis
- Esporte de raquetes disputado na areia, em uma mistura de tênis com vôlei de praia
- Normalmente é disputado em duplas em uma quadra de 8m x 16m
- A rede tem altura de 1,70m nas categorias amadoras e nas categorias profissionais feminina e mista. Na profissional masculina, a rede tem 1,80m de altura
- A contagem de pontos é similar ao tênis. Os games são divididos em 15, 30 e 40 e os sets vão até 6, havendo um tiebreak até 7 quando há empate por 6 a 6
- Quando cada dupla vence um set, há um supertiebreak até 10 para definir o vencedor
- Ao contrário do tênis, não há vantagem nas disputas dos pontos decisivos. Quando o game está empatado em 40-40, a dupla que vencer o ponto, vence o game
- Não há segundo serviço. Se um atleta erra o saque, o ponto é computado para a dupla adversária