Ex-zagueiro de Santos, Ponte Preta e Bragantino, Hugo Russo já marcou Neymar e Paolo Guerrero e jogou na Europa. Porém, ao deixar o futebol português, com apenas 24 anos, decidiu pendurar as chuteiras e apostar no beach tennis. Hoje, o paulista de Araraquara está no top 20 do Brasil e será uma das atrações neste final de semana da Sul Special Cup, a etapa de Porto Alegre do circuito mundial da modalidade.
— Eu era da base do Santos. Treinava muitas vezes com Neymar, Paulo Henrique Ganso e Montillo. Quando jogava na Ponte Preta, joguei contra o Guerrero, que estava no Corinthians. Mas o beach tennis já era um hobby. Nas folgas, eu sempre jogava torneios na categoria profissional. Então, quando as coisas desandaram para mim no futebol, eu já estava encaminhado na modalidade — conta o ex-boleiro.
Hugo é filho de Juca Russo, 53 anos, um dos principais desbravadores do beach tennis no interior paulista e atual técnico da seleção brasileira juvenil da modalidade. Hoje, os três filhos de Juca são atletas profissionais e disputarão o torneio em Porto Alegre: Hugo, 26, Augusto, 19, e Gustavo, 18.
— Quando eu estava no Santos, o meu pai ia me visitar e sempre chamava atenção dele o quanto o beach tennis era forte na Baixada Santista. Então, como ele dava aulas de tênis e sempre teve uma visão empreendedora, decidiu levar o esporte para Araraquara. No início, era uma alternativa para dar aulas aos alunos quando chovia. Depois, a coisa cresceu — relata.
A namorada de Hugo, Isabela Garrido, 26 anos, jogava vôlei e, por influência do namorado, do sogro e dos cunhados, também aventurou-se no beach tennis. Gostou tanto do esporte que acabou trocando a faculdade de Direito pela de educação física e se tornou uma atleta profissional de destaque. Hoje, é número 9 do ranking nacional e será atração na Sul Special Cup, onde formará dupla com a paranaense Isadora Simões, 28 anos, número 12 do Brasil.
— Estou empolgada para o torneio aí em Porto Alegre, será a terceira vez que eu jogo aí. Gostamos muito do Sul, pois sempre há torneios bons, muito incentivo, e a estrutura é muito boa. É um dos lugares mais bacanas hoje para beach tennis — avalia Isabela.
Rio de Janeiro e Santos foram as primeiras cidades onde o beach tennis se desenvolveu no Brasil, em 2008, quando os primeiros atletas brasileiros começaram a praticar o esporte criado na Itália nos anos 1980. Alias, vários veteranos dessas cidades estarão presentes na Sul Special Cup, em Porto Alegre, como os cariocas Ralff Abreu, 38 anos, e Flávia Muniz, 43, e os santistas Marcus Ferreira, 35, e Thales Santos, 35. Hoje, no entanto, os novos talentos estão surgindo com mais destaque no interior do país.
— Como fomos pioneiros, saímos na frente. Até 2014, Santos e Rio de Janeiro dominavam o circuito. Hoje, a gente vê a garotada se destacando mais no interior. A praia é legal porque ajuda a disseminar o esporte de uma maneira mais barata, mas não tem a mesma estrutura para os atletas treinarem. Não há academias, clubes e vestiários, e os pais dos alunos ficam preocupados com a questão da segurança. Então, Rio e Santos acabaram ficando para trás e, hoje, temos dificuldades de formar novas gerações. Temos que nos renovar para não ficarmos para trás — alerta Marcus Ferreira.
Entre as regiões não litorâneas onde o beach tennis se desenvolveu, destaque para o norte do Paraná. Número 1 do mundo no ranking juvenil e número 11 do país no profissional, Vitória Marchezini, de apenas 16 anos, é natural de Rolândia, mesma terra da líder ranking nacional e ex-número 1 do mundo Rafaella Miller, 28.
E a 80 quilômetros dali, a cidade de Maringá revelou nos últimos anos diversos jovens talentos, como Miguel Peres, 20 anos, Giovani Cariani, 18, Luana Nery, 17, Antônia Thompson, 17, Júlia Cunha, 17, e Julia Paranho, 16, todos já no top 30 do ranking brasileiro.
— A gente fala que em Rolândia e em Maringá, a criança nasce com uma bolinha de beach tennis na mão. Não sei explicar por que a região é tão forte — avalia Vitória, que, apesar da pouca idade, forma com a curitibana Marcela Vita, 32, uma das principais duplas do país, Juntas, as duas paranaenses venceram a primeira edição da Sul Special Cup, em 2020.