A NBA volta nesta terça-feira (19) em clima de festa. Além de a temporada marcar os 75 anos da principal liga de basquete do mundo, a celebração é pela volta à normalidade – ou algo próximo dela, ao menos. A grande novidade será a presença massiva de público nas arquibancadas, algo visto em apenas alguns ginásios desde de maio, quando os índices de vacinação começaram a avançar nos Estados Unidos.
Outra atração será o retorno do Toronto Raptors ao Canadá. Único estrangeiro da NBA, o time passou um ano mandando seus jogos em Tampa, na Flórida, por conta das restrições impostas pela pandemia.
O primeiro jogo será entre Milwaukee Bucks e Brooklyn Nets, a partir das 20h30min (horário de Brasília). Antes de a bola subir, os jogadores do Bucks receberão os anéis em homenagem ao título conquistado em julho, e o banner do campeonato será revelado no topo do ginásio. Às 23h, Los Angeles Lakers e Golden State Warriors completam o dia de abertura do calendário. O SporTV anuncia a transmissão das duas partidas.
GZH separou os principais destaques sobre a temporada 2021-2022 da NBA, confira:
Os favoritos
Mesmo que a diferença de investimento entre as franquias seja relativamente insignificante, a diferença de nível das equipes é clara. Dos 30 times, dois destacam-se como os principais candidatos ao troféu: o Brooklyn Nets, na Conferência Leste, e o Los Angeles Lakers, no Oeste.
Os nova-iorquinos apostam na manutenção do trio formado por Kevin Durant, James Harden e Kyrie Irving. O elenco de apoio conta ainda com veteranos consagrados, como o campeão Patty Mills e os antes all-star Blake Griffin, LaMarcus Aldridge e Paul Millsap.
Do outro lado, o Lakers apostou em veteranos para dar a LeBron James e Anthony Davis o suporte que faltou quando os dois sofreram com lesões na temporada passada. Chegaram Russell Westbrook, MVP de 2017, e Carmelo Anthony, cestinha da liga em 2013. Do grupo campeão em 2020, retornaram Rajon Rondo e Dwight Howard.
Os concorrentes
Milwaukee Bucks
A expectativa por uma superfinal entre Nets e Lakers é grande, mas há adversários preparados para derrubar os favoritos. Um deles é o Milwaukee Bucks, que eliminou o próprio Brooklyn antes de ser campeão em 2021. A principal esperança do time é o grego Giannis Antetokounmpo, eleito duas vezes o MVP e uma o melhor defensor do campeonato. Ao seu lado, ele terá novamente a parceria de Khris Middleton, medalhista de ouro em Tóquio com a seleção norte-americana.
Miami Heat
Vice em 2020, o Heat decepcionou e parou na primeira rodada dos playoffs de 2021. Para este ano, manteve a dupla formada por Jimmy Butler e Bam Adebayo e adicionou os campeões Kyle Lowry, PJ Tucker e Markieff Morris. Outros dois nomes que podem fazer a diferença já estavam no elenco: o jovem Tyler Herro e o all-star Victor Oladipo, que se recupera de lesão no quadríceps.
Los Angeles Clippers
Depois de chegar à final de conferência pela primeira vez na sua história, o Clippers promete ser novamente um dos principais concorrentes ao título. A dupla formada pelos astros Paul George e Kawhi Leonard foi mantida. Leonard, no entanto, perderá boa parte da temporada se recuperando de cirurgia no joelho, mas deve estar 100% para os playoffs.
A adição mais importante foi o armador Eric Bledsoe, que estava no New Orleans Pelicans. Permaneceram peças importantes, como Terance Mann, Reggie Jackson, Nicolas Batum e Marcus Morris.
Golden State Warriors
Depois de ficar dois anos longe da pós-temporada, o Warriors espera retomar o protagonismo em 2021. Para isso, contará com o retorno de Klay Thompson, que não atua desde junho de 2019. O ala-armador se juntará a Stephen Curry e Draymond Green, formando novamente o trio que conquistou o título em 2015 e teve a melhor campanha da história em 2016, com 73 vitórias e nove derrotas.
O elenco ainda tem James Wiseman, pivô que foi a segunda escolha do draft de 2020, e o ala Andrew Wiggins, que teve média de 18.6 pontos por partida no último ano. Entre os menos badalados que podem contribuir, estão Jordan Poole e Otto Porter Jr.
Podem surpreender
Na Conferência Oeste, ainda alguns times ainda podem atrapalhar os poderosos. É o caso de Phoenix Suns, finalista em 2020, e Utah Jazz, dono da melhor campanha na temporada regular passada – ainda teve o melhor defensor, com Rudy Gobert, e o sexto homem, com Jordan Clarkson. Outro candidato é o Denver Nuggets, do MVP Nikola Jokic.
No Leste, aparecem nesta corrida o Philadelphia 76ers, do pivô Joel Embiid, e o Atlanta Hawks, do armador Trae Young, que foi à final da Conferência em 2020. Além deles, o Chicago Bulls foi quem melhor se reforçou. Foram contratados o ala DeMar DeRozan, quatro vezes all-star, e os armadores Lonzo Ball e Alex Caruso. As estrelas Zach LaVine e Nikola Vucevic já estavam por lá.
Vale ficar de olho
Minnessota Timberwolves
Há algumas equipes que devem passar longe do troféu, mas podem ser legais de acompanhar o desenvolvimento. É o caso do Minnessota Timberwolves, que não é cotado nem para chegar aos playoffs.
Maior referência do vestiário, Karl-Anthony Towns volta motivado após ter vencido a covid-19, doença que tirou a vida de sete dos seus familiares, incluindo a mãe, Jacqueline. Ao seu lado, Towns terá o armador D'Angelo Russell, livre de lesões, Anthony Edwards, primeira escolha do draft de 2020. Outro jovem, Jaden McDaniels surge com potencial de se tornar um defensor de elite dentro da liga e, apesar dos 2,06m, deve atuar na função de ala.
Memphis Grizzlies
Liderado pelo jovem armador Ja Morant, 22, o Grizzlies tenta chegar aos playoffs pelo segundo ano consecutivo. Para continuar crescendo nas projeções, Morant terá de contar com o apoio de Jaren Jackson Jr., que finalmente parece estar saudável – o ala-pivô disputou apenas 126 dos 227 jogos desde que entrou na liga. Além deles, será preciso que Dillon Brooks repita o bom desempenho da última temporada, especialmente entre abril e maio, quando teve média de 19 pontos por partida. Com a saída do pivô Jonas Valanciunas, chegou o neozelandês Steven Adams.
Sacramento Kings
Fora da pós-temporada desde 2006, o time da capital da Califórnia pode finalmente começar a colher os frutos de uma longa reconstrução. Há nomes promissores no elenco, como o segundanista Tyrese Haliburton, uma das surpresas de 2020, e Davion Mitchell, nona escolha do último draft.
O técnico Luke Walton também terá à disposição De'Aaron Fox, apontado como armador mais rápido da NBA; Marvin Bagley III, ala-pivô ágil e de bom arremesso; Harrison Barnes, campeão em 2015 com o Warriors; e Buddy Hield, ala-armador que oferece poder de fogo na linha dos três pontos. Quem também renovou foi o pivô Richaun Holmes, que vem do melhor ano da carreira. Para sua reserva, foi contratado o canadense Tristan Thompson.
New York Knicks
Cinderela de 2020, o gigante de Nova York quer mostrar que o quarto lugar não foi por acaso. O homem por trás do sucesso é Tom Thibodeau, eleito o melhor técnico da temporada passada. Com ele, o time passou a ter uma das melhores defesas da NBA e viu o ala-pivô Julius Randle receber o prêmio de jogador que mais evoluiu.
A equipe segue com o veterano armador Derrick Rose, ex-Chicago Bulls, e espera ver um salto de produção do jovem ala-armador RJ Barrett. O grupo ainda ganhou um reforço de peso na figura do armador Kemba Walker, quatro vezes all-star. Também foi contratado o francês Evan Fournier, medalhista de prata nos Jogos de Tóquio.
O plantel ainda é cheio de garotos com potencial de desenvolvimento, como Immanuel Quickley, Mitchell Robinson, Obi Toppin e Kevin Knox II.
Boston Celtics
Os celtas passaram por uma grande reformulação interna depois das recentes decepções. A maior dela foi a saída do presidente de operações Danny Ainge, substituído pelo então treinador Brad Stevens. O time agora será comandado por Ime Udoka.
O elenco também ganhou em profundidade. Depois de fracassar com armadores renomados – Kyrie Irving e Kemba Walker –, o escolhido foi Dennis Schröder. O pivô Al Horford retornou, assim como chegaram Josh Richardson, Enes Kanter, Kris Dunn, Juancho Hernangomez, Bruno Fernando e Ryan Arcidiacono.
As esperanças seguem todas nas mãos de Jayson Tatum e Jaylen Brown. Tatum, 23 anos, é apontado como um futuro candidato a MVP da NBA e vem da melhor temporada individual na carreira, com direito a partida de 60 pontos.
O Celtics também promete ter uma das defesas mais fortes da liga, encerrando os jogos com uma formação composta por Marcus Smart, Josh Richardson, Jayson Tatum, Jaylen Brown e Robert Williams ou Al Horford.
Futuro em aberto
Ben Simmons (Philadelphia 76ers)
Alguns nomes importantes começam a temporada sem saber onde terminarão. O caso de maior destaque é o de Ben Simmons, do Philadelphia 76ers, que já informou que não pretende mais jogar pela franquia da Pensilvânia. O contrato dele, que neste ano custará 33 milhões de dólares (R$ 182 milhões, na cotação atual), vai até 2025.
O 76ers declarou que pretende contar com seu segundo principal jogador, mas já trabalha no mercado em busca de uma troca. A dificuldade é encontrar alguma negociação que compense abrir mão de uma estrela do nível de Simmons e que seja viável financeiramente.
John Wall (Houston Rockets)
Cinco vezes all-star, John Wall espera encontrar um novo endereço para atuar em 2021-2022. O armador chegou a um acordo com a diretoria do Houston Rockets, e as partes trabalham em busca de uma negociação.
Wall, que tem um contrato de 44 milhões de dólares (R$ 243 milhões), espera jogar onde possa brigar pelo título. O Rockets, por outro lado, passa por um momento de reconstrução da equipe e aposta no desenvolvimento de promessas a médio e longo prazo.
Bradley Beal (Washington Wizards)
O Washington Wizards abriu mão do armador Russell Westbrook e montou um elenco com mais profundidade, mas de figuras mais modestas. Se os resultados do início da temporada forem ruins, são grandes as chances de Bradley Beal pedir para ser trocado para um destino onde possa almejar coisas maiores. Nos últimos dois anos, o ala-armador teve média superior a 30 pontos por jogo e o time não conseguiu chegar aos playoffs.
CJ McCollum e Damian Lillard (Portland Trail Blazers)
O Blazers é dono de uma das mais talentosas duplas de armadores da NBA, mas os resultados dos últimos anos indicam mudança em Oregon. Para esta temporada, a franquia trouxe para ser treinador o ex-jogador Chauncey Billups, campeão de 2004 com o Detroit Pistons.
McCollum e Lillard nunca manifestaram interesse público de serem trocados, mas é uma possibilidade caso o início de temporada não mostre que Portland pode brigar por algo.
Kevin Love (Cleveland Cavaliers)
Único remanescente da conquista de 2016, Kevin Love começa a temporada sem muito espaço no Cleveland Cavaliers. A situação do ala-pivô é semelhante a de John Wall, de certa forma. O Cavs também trabalha com um plantel de garotos que devem render frutos no futuro. Na posição dele, foi draftado Evan Mobley, que desponta como uma futura estrela. Também chegou o finlandês Lauri Markkanen, 24 anos, que estava no Chicago Bulls.
Play-in mantido
Sucesso nas duas últimas temporadas, o formato de play-in seguirá em 2022. Com isso, apenas os seis primeiros colocados de cada conferência têm lugar garantido nos playoffs. Os quatro que ficarem entre a sétima e a décima colocação terão de passar por uma eliminatória que dará mais duas vagas.
O sistema é mais simples do que parece: os sétimos colocados enfrentam os oitavos, e os nonos pegam os décimos. Os ganhadores das partidas entre sétimos e oitavos se classificam aos playoffs. Os perdedores terão mais uma chance, contra os vencedores dos jogos entre os nonos e os décimos. Ou seja: ficando em sétimo ou oitavo, basta uma vitória, em até duas chances, para ficar com a vaga. Ficando em nono ou décimo, é preciso ganhar dois jogos.
Os não vacinados
Cerca de 90% dos jogadores da NBA estavam vacinados contra a covid-19 a duas semanas do início da temporada, segundo o repórter Shams Charania, do The Athletic. O problema está nos outros 10%. Não se sabe quem são todos os atletas que optaram por não receber o imunizante, mas alguns se manifestaram publicamente a respeito. O principal deles foi Kyrie Irving, do Brooklyn Nets.
Na última terça-feira (12), Kyrie foi afastado da equipe até que se resolva a situação. Isso ocorreu porque o estado de Nova York exige que todos tenham as duas doses da vacina para frequentar ginásios fechados, o que faz com que ele não esteja apto a participar de nenhum jogo em casa.
Em comunicado, a franquia disse respeitar a liberdade individual do seu jogador, mas ele só voltará ao convívio dos companheiros quando tiver condições de participar integralmente das atividades.
Outra estrela que admitiu não ter se vacinado foi Bradley Beal, do Washington Wizards. Como as leis da capital norte-americana não obrigam o passaporte vacinal para acesso a locais fechados, Beal não terá problemas para jogar.
A outra cidade da NBA que só permite imunizados nos ginásios é San Francisco, na Califórnia, onde joga o Golden State Warriors. Na reapresentação do time, Andrew Wiggins também disse não ter se vacinado, assim como toda sua família. A situação dele seria parecida com a de Irving, mas no dia 3 de outubro ele disse ter aceitado a vacina para poder entrar em quadra.
As consequências
Mais do que ficar longe dos colegas, Kyrie Irving deve perder dinheiro por conta da ausência. A NBA autorizou o Brooklyn Nets a multá-lo em 380 mil dólares (R$ 2,1 milhões) por cada partida perdida. Ao final da temporada, o prejuízo do astro pode ser de 17 milhões de dólares (R$ 94 milhões).
No Canadá, o governo anunciou medidas ainda mais rígidas para os não vacinados que forem enfrentar o Toronto Raptors. Os atletas só poderão deixar o hotel para atividades em equipe. A Lei Canadense de Quarentena diz que as violações podem ser punidas com até seis meses de prisão, além de 750 mil dólares canadenses (R$ 3,3 milhões).