A partida entre Guarani, de Venâncio Aires, e São Paulo, de Rio Grande, válida pela 12ª rodada da Divisão de Acesso, na noite de segunda-feira (4), ficou marcada pela agressão ao árbitro Rodrigo Crivellaro Dias da Costa. Eram 14 minutos da etapa final quando, após gol da equipe da casa, o meia William Ribeiro, camisa 10 do clube da zona sul do Estado, se irritou com o recebimento de um cartão amarelo e deu um soco no juiz que, caído no gramado, ainda foi atingido por mais um chute do atleta.
A vítima foi atendida ainda dentro do campo e levada ao Hospital São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires. Após passar a noite em observação, Crivellaro recebeu alta na manhã desta terça-feira (5), utilizando colar cervical por precaução. Os primeiros exames não apontaram lesões graves.
Natural de Pelotas, Rodrigo Crivellaro, 29 anos, é formado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria. Morando na cidade da região central do Estado, divide a rotina de árbitro com a de personal trainer. O esporte também faz parte da vida dele por conta da paixão pelo padel.
Carreira
Rodrigo Crivellaro se formou como árbitro pela Federação Gaúcha de Futebol em outubro de 2015. Desde lá, começou apitando partidas das categorias de base, do sub-17 ao sub-20, até chegar na Terceirona Gaúcha e na Divisão de Acesso.
— Ele estava tendo muitas oportunidades neste ano. É um árbitro promissor, que vinha fazendo bons jogos. O jogo estava tranquilo, foi um ato isolado mesmo. É um árbitro em ascendência, que vinha sendo monitorado e não causava problema nos jogos. Ele passava despercebido. É um cara de futuro — ressalta Maicon Zuge, presidente do Sindicato dos Árbitros do Rio Grande de Sul.
Maiara Horn Danke, esposa de Rodrigo, é quem mais acompanha o dia a dia dele na busca por mais espaço na arbitragem. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, ela falou sobre as dificuldades da profissão, mas destacou o apoio recebido após o ocorrido.
— (A exposição pós-agressão). É muito invasiva. A gente costuma brincar que o árbitro tem de ter duas famílias. Uma fora de campo e outra dentro. Ontem (segunda-feira) foi tudo uma família só. Tanto eu como esposa e a mãe dele recebemos apoio, até da torcida (do São Paulo-RG). Todos vieram falar comigo e pedir desculpa em nome do clube — contou Maiara.
Colegas que conhecem a trajetória de Rodrigo o apontam com um árbitro tranquilo, com bom poder de comando sobre os jogadores dentro de campo. Na Divisão de Acesso deste ano, ele havia participado de cinco jogos no total, sendo três como árbitro principal e dois como quarto árbitro.
— É o sonho dele, ele ama essa profissão. Sei que sou suspeita, mas a dedicação dele é algo fora do comum. Ele está sempre treinando, se dedicando. Ele é uma pessoa muito correta, que procura agir dentro do que é certo. Eu já fui a diversos jogos dele, até porque também adoro futebol. Ele é bem sério e está sempre estudando e levando à risca as regras — conta Silvana Crivellaro, mãe de Rodrigo.