Talento a serviço do coletivo é a receita que tem dado certo para a seleção brasileira de futsal no Mundial, que está sendo realizado na Lituânia. No duelo contra o Japão, na última quinta-feira, pelas oitavas de final, essa combinação voltou a funcionar e, com uma vitória de virada por 4 a 2, o Brasil conquistou a vaga para a próxima fase.
O técnico Marquinhos Xavier ressaltou a importância de dar sequência à evolução do trabalho. Neste domingo, às 10 horas (de Brasília), em Vilnius, o Brasil encara o Marrocos pela fase de quartas de final - campanha superior a do Mundial de 2016, na Colômbia, quando caiu nas oitavas de final, na disputa de pênaltis, para o Irã.
— O Brasil vai jogar sempre se valendo muito desse potencial individual, da tática individual, do que o jogador que está em ação está enxergando. A gente tem que antecipar muitas das coisas que acontecem. Agora, claro que para você prever, você precisa de uma estrutura e é isso que a gente tem trabalhado incansavelmente aqui dentro. O Brasil fez vários gols coletivos, alguém vai colocar a bola para dentro, vai fazer a ação final. Mas o trabalho coletivo vem sendo feito e é preciso dar continuidade a tudo isso. Então, a gente fica feliz que os gols aconteceram, que a nossa defesa se comportou bem. Nós jogamos contra uma equipe extremamente organizada e quando você joga contra uma equipe organizada você também tem que ter a sabedoria e a humildade de reconhecer que você vai passar por problemas no jogo. O Brasil entendeu tudo isso e avança para as quartas de final — afirmou.
Fora das quatro linhas, a seleção brasileira vive um momento de reestruturação e disputa o Mundial pela primeira vez sob a direção da CBF. No comando da equipe desde 2017, o treinador também falou sobre as lições que aprendeu ao longo do caminho.
— O Japão mesmo sendo uma seleção que ainda não teve uma conquista mundial se encontra regularmente, roda muito pouco seus 20 jogadores, num plantel de um país que poucas surpresas acontecem. A nossa dificuldade sempre é pegar os nossos atletas e organizá-los dentro de uma estrutura. Então, não era só uma luta contra uma seleção japonesa, tinha uma luta também contra uma escola. É importante que o Brasil marque o seu terreno, diga ao mundo que a nossa escola não depende única e exclusivamente do talento individual, que é possível sim fazer um trabalho coletivo, é possível sim se organizar e se estruturar. A gente tem recebido muitas lições. Sem organização, sem estrutura, sem trabalho, nós vamos sofrer muito. Então, nós estamos tentando quebrar esses tabus — disse Marquinhos Xavier, que também relembrou a dura derrota na última edição do Mundial.
— Passar essa fase também era uma questão emocional porque o nosso país sofreu muito em 2016. A gente está aqui também representando aqueles que sofreram em 2016 e que foram responsabilizados pela eliminação e que pouco tinham responsabilidade sobre aquilo, estavam ali defendendo o seu país, deram o melhor, mas às vezes a gente paga ali dentro o preço pelo que acontece fora da quadra. Tudo isso estava na nossa mente por isso que é muito mais desgastante, que a pressão é muito maior e também a satisfação de avançar é proporcional a tudo que a gente tem passado — encerrou.
O Brasil enfrentará Marrocos neste domingo (26), pelas quartas de final. A partida está programada para às 10h. Se vencer, a seleção enfrentará o ganhador de Rússia e Argentina nas semifinais.