Ex-jogador e ex-técnico do Inter, Dunga é o criador do movimento Seleção do Bem. O projeto organiza e realiza, desde a chegada da pandemia de coronavírus a Porto Alegre, mutirões de doação, reformas e voluntariado na Capital gaúcha. O capitão da Seleção no título de tetracampeão mundial em 1994 foi convidado da Confraria do Pedro Ernesto Denardin no Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (21).
— Procuramos soluções para os problemas da sociedade. Todos criticam, mas ninguém busca melhorar essas situações. Vamos buscando parcerias e olhando por onde ajudar as pessoas. Entregamos em mão para quem necessita. Temos cadastros das pessoas e elas vêm pessoalmente buscar em nossas entregas, para que chegue de fato em quem precisa — comentou Dunga.
Segundo o ex-atleta, mais de 350 toneladas já foram arrecadadas e entregues pelo Seleção do Bem e seus parceiros. Ele prefere não arrecadar nem fazer repasses de quantias em dinheiro, apenas trabalha com parceiros que fornecem os alimentos ou materiais de construção que servirão como donativos.
— Há uma parte humana que é muito egoísta, e isso ficou evidente na pandemia. Só querem ver o próprio lado. Ficou muito fácil as pessoas ficarem atrás das telas das redes sociais criticando os outros. Nossa intenção é justamente multiplicar essas ações de quem ajuda de verdade. A Seleção do Bem juntou pessoas que depois criaram seus próprios movimentos neste sentido — ponderou, fazendo questão de mencionar os jogadores que ao longo de 2020 participaram das ações:
— Eu, Tinga, D'Alessandro não competimos em doações, pelo contrário. Nos unimos para ter mais força e trabalho. O Rafinha, antes mesmo de vir para Porto Alegre, ainda no Flamengo, me ligava uma vez por mês perguntando o que precisava. Thiago Galhardo, Maicon, Geromel, Edenilson, todos estes contribuem muito.
Dunga relembra a rotina de jogador, quando viveu na Itália, Japão e Alemanha por conta do futebol e que mesmo no Brasil tinha pouco tempo disponível em casa, para justificar sua preferência de momento por ficar em Porto Alegre ao invés de voltar ao mercado como treinador:
— Nunca tive férias, poucas vezes consegui conviver com a família. Os filhos sempre viajavam quando tinha tempo livre, agora minha prioridade é que os filhos se realizem na profissão deles aqui. Minha decisão de pegar um time ou seleção tem de ser muito bom em termos financeiros para eu me movimentar. Todos gostamos de dinheiro, mas em um momento da vida é preciso curtir este dinheiro, só trabalhar sem aproveitar não vale. A Seleção do Bem é uma oportunidade para isso, aproveitar um tempo de qualidade com amigos.
Por fim, Dunga avaliou o momento da dupla Gre-Nal no Brasileirão. Tanto Inter quanto Grêmio estão em curva ascendente de desempenho e resultados, na análise do capitão do tetra.
— O Inter está evoluindo muito, voltou a jogar nas características dos jogadores que tem, assim como foi com o Abel Braga, o Aguirre repete isso. Neste jogo contra o Sport o Inter sobrou fisicamente, dominou completamente o adversário em termos físicos. Era outro time de vigor, com os jogadores tendo vitória pessoal — analisou, complementando sobre o rival:
— O Grêmio na situação que tá a gente sabe que é difícil sair. Ganha duas ou três e aí engrena, mas até lá… Com um comandante experiente como é o Felipão, tenho certeza que vão conseguir dar a volta por cima. A bola queima, falta confiança na hora de tentar um drible ou um chute. Quando há duas vitórias, sendo uma sobre o Flamengo, o psicológico começa a melhorar.