Se, em 1971, alguém perguntasse a Cândido Norberto, idealizador do “Sala de Redação”, como ele imaginaria o programa cinco décadas depois, certamente ele descreveria um cenário completamente diferente ao que vemos em 2021. Por isso, é difícil prever como serão os debates esportivos da Rádio Gaúcha daqui 50 anos, em 2071.
Entretanto, um fato é inegável: ele estará ainda mais modificado do que atualmente.
— Ele está se reinventando, né? Porque eu tinha aquela visão do Potter no Patrola e na Atlântida. E aí, quando vi ele no Sala de Redação, eu comecei a pensar que o programa já está se transformando aos poucos. Cada dia, um passo de cada vez. Então, futuramente, se tudo der certo, mais públicos estarão inseridos para fazer comentários junto com o Pedro Ernesto, com o Mauricio (Saraiva), com o Guerrinha — avalia a jovem Vitória Fagundes.
Aos 21 anos, a jovem estudante de jornalismo está no sexto semestre da faculdade e presta estágio na Redação Integrada do Grupo RBS. Tudo faz parte de um planejamento traçado por ela mesma, quando ainda era pré-adolescente.
— Eu decidi que iria fazer jornalismo em 2011, quando eu tinha 11 anos de idade e visitei os estúdios da RBS TV e a redação da Zero Hora. Ali eu decidi que queria viver aquela loucura de jornalista, porque eu me encaixava desde criança nesta loucura — conta.
A partir de então, começou a acompanhar com assiduidade a programação da Rádio Gaúcha e, uma atração em especial lhe chamou atenção.
— Comecei a ouvir o Sala de Redação quando eu tinha 19 anos. Sempre almoçava escutando rádio, com fone de ouvido. E, apesar de não entender muito de futebol, isso se tornou um hábito. Não consigo ouvir de manhã por conta da faculdade, mas às 13h em ponto eu já estou com o rádio ligado. Eu ligo o computador, já entro no site de GZH e escuto, né? Às vezes, quando estou só com o celular, ligo pelo aplicativo de GZH — explica ela.
Vitória ainda destaca a coloquialidade dos debatedores como o grande diferencial do programa. Mas, questionada sobre o que acrescentaria para tornar o Sala de Redação ainda melhor, responde de bate-pronto:
— O próximo passo é inserir mulheres negras nos comentários.
Pois este é exatamente o perfil dela. Mulher, jovem, negra e estudante de jornalismo. Seria este o futuro do Sala de Redação?
— Ah, eu sou muito nova, né? Então, no momento, ainda não, porque eu não tenho grandes conhecimentos de futebol. Mas quem sabe, futuramente, eu me torne uma jornalista esportiva, comentarista... Quem sabe? — indaga ela, meio encabulada.
Pois é, Vitória. Quem sabe? Como diria Wianey Carlet, ex-integrante do Sala: o futuro dirá.