Personagem dos bastidores do futebol brasileiro, Paulo Pelaipe acumula diversas experiências em clubes como Grêmio, Flamengo, Corinthians, Fortaleza e, recentemente, no Coritiba. Porém, a trajetória vitoriosa do dirigente, que já acumula mais de 30 anos nas funções, quase sofreu uma derrota, de acordo com a definição do próprio. As últimas semanas foram de duelo pela vida por conta do quadro clínico que esteve pela covid-19.
O gaúcho concedeu a primeira entrevista após receber alta neste sábado (28) ao Paredão do Guerrinha, programa da Rádio Gaúcha, apresentado por Adroaldo Guerra Filho. O executivo contou como foram os momentos hospitalizados:
— Nesta luta contra a covid, não desisti nunca e consegui sobreviver, depois de 18 dias entubado, 18 dias em coma, 32 dias numa UTI e mais nove dias num quarto de hospital — relembrou.
Segundo o dirigente, que já iniciou o processo de fisioterapia e não voltou às funções de bastidores no Coritiba, o trabalho dos profissionais que lhe atenderam no hospital Nossa Senhora das Graças, na capital paranaense, foi fundamental para que ele fosse curado. Durante a internação, chegaram a pensar no pior:
— Tive momentos que os próprios médicos perderam a esperança que eu pudesse me recuperar. Eles me salvaram — ressaltou. — Em cada pessoa, essa doença dá de uma forma diferente — alertou.
Por casualidade, os primeiros sintomas do coronavírus em Pelaipe foram sentidos em Porto Alegre. Após a derrota para o Grêmio, ainda na concentração, relatou febre. No retorno à sede do clube, fez o teste que acusou a doença.
— Fui pro hotel e comecei a sentir febre e uma dor no peito. Uma rouquidão. Passei a noite com febre, uma noite muito desagradável, o médico do Coritiba me atendeu. Chegando em Curitiba fiz o exame da covid e testou positivo. Recebi as orientações, fui medicado e vim pra casa para fazer a quarentena dos 15 dias. Piorei, a minha oxigenação baixou muito, liguei para o Jorginho, que era o treinador do clube, que morava no mesmo prédio que eu, e disse que não estava bem. Ele ligou pro médico que me levou pro hospital. Imediatamente, fui internado — disse. — Quatro dias depois, estava com 75% do pulmão ocupado pelo vírus — complementou.
O executivo, que ainda não voltou ao expediente no Coritiba, entende que é preciso ter cuidado com a doença.
— Recomendo que as pessoas respeitem o vírus. Não brinquem. Não é nenhum ventinho ou gripezinha. Tem que usar máscara, tem que ter o isolamento, não é brincadeira, entendeu? — alerta. — Temos que torcer que venha logo essa vacina. É importante. Aumentaram os números de morte. A (segunda) onda na Europa está tendo. No Brasil, noto os bares lotados. No Rio de Janeiro, os jovens nas ruas. Tem que existir mais alertas dos governantes. Sei que as pessoas precisam trabalhar e viver, mas têm que ter um equilíbrio necessário pela proteção — finalizou.