Aos 24 anos, Léo ainda vivia o sonho alimentado desde criança. Na verdade, mais do que um sonho. Desde sempre, dedicou-se à missão de defender os times e as metas. Fez treinos específicos e até uma escolinha de goleiros. Até março, estava debaixo das traves do Avenida, o representante de sua cidade, Santa Cruz do Sul, na Divisão de Acesso. Em sua curta carreira, jogou também no rival Santa Cruz e andou pela Suíça, no futebol amador.
Há seis meses, porém, sua vida mudou, com a chegada de uma filha. Voltou para sua cidade e se preparava para sustentar a família graças ao talento para proteger a defesa. Mas veio a covid-19, o clube dispensou os atletas e, em meio à indefinição sobre o futuro da carreira, apareceu a necessidade.
—Não tinha mais o que fazer. Apareceu a oportunidade na obra e é assim que estou hoje. Faço reformas, pinturas, o que for preciso explica.
O trabalho na construção civil é pesado, mas dá mais segurança e saúde financeira do que no futebol. Léo ganha mais como pedreiro, servente, pintor, serviços gerais do que como goleiro no Interior. Apesar disso, ainda tem fé de que essa nova realidade é passageira:
— Não está fácil, é um momento ruim. Mas tenho esperança de poder voltar a jogar e fazer o que sempre quis.
* Colaborou Eduardo Castilhos, jornalista de GZH