Em protesto, o Milwaukee Bucks não entrou em quadra nesta quarta-feira (26) para enfrentar o Orlando Magic pelos playoffs da NBA. O boicote foi uma forma de apoiar as novas manifestações antirracistas, reavivadas depois que a polícia do estado de Wisconsin atirou sete vezes pelas costas em Jacob Blake, um homem negro, no último domingo (23).
Os jogadores dos Bucks permaneceram nos vestiários enquanto o rival entrou em quadra para o aquecimento. Pouco antes do horário marcado para o início, o time do Orlando Magic também se retirou. Na sequência, os árbitros fizeram o mesmo.
Os outros jogos desta quarta-feira pelos playoffs da NBA, entre Oklahoma City Thunder e Houston Rockets e Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers, também não vão ocorrer. A NBA confirmou o adiamento dos jogos, que terão nova data de disputa.
A postura da equipe de Milwaukee antecipou o movimento que começou com os jogadores de Toronto Raptors e Boston Celtics. Eles estavam cogitando não entrar em quadro para o jogo 1 das semifinais da Conferência Leste, agendado para esta quinta-feira.
O boicote foi uma maneira encontrada para reforçar o descontentamento pela falta de efeito nos protestos realizados pelos jogadores na "bolha" da NBA. Deste o retorno da temporada foram realizadas uma série de manifestações em apoia à luta contra discriminação racial, ainda sob o efeito da morte de George Floyd. Jogadores se ajoelham durante o hino nacional, usam camisas com a expressão "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam, em tradução livre) e também estampam em seus uniformes mensagens de justiça social.
No último domingo, em Wisconsin, os policiais respondiam a um distúrbio doméstico. Segundo os advogados de Blake, o homem de 29 anos tentava separar uma briga entre duas mulheres. Ele foi conduzido pelos policiais até a porta de seu carro, onde levou sete tiros na frente de seus três filhos, que estavam no veículo. Está internado em estado estável segundo sua família. Toda a cena foi filmada por um morador e as imagem foram espalhadas internacionalmente.
Astros da NBA como LeBron James, do Los Angeles Lakers, e Donovan Mitchell, do Utah Jazz, pediram justiça em suas redes sociais. Os jogadores consideram que a liga não está dando a atenção necessária à pauta antirracista e se sentem presos na bolha em Orlando, impossibilitados de agir. LeBron chegou a dizer que se sente aterrorizado, com medo, como homem negro.
"É traumatizante. Me sinto preso aqui. Viemos para a bolha com objetivo de espalhar uma mensagem e não está acontecendo. A gente sente que não esta fazendo nada de produtivo aqui dentro", afirmou o camaronês Pascal Siakam, uma das estrelas do Toronto Raptors, em entrevista à ESPN americana.
Apoio
Logo após o Milwaukee Bucks decidir pelo boicote, LeBron James, astro dos Lakers, publicou uma mensagem de apoio ao protesto. O mesmo foi feito por outras estrelas da NBA.