Há nove anos, Diego Gavilán encerrava sua trajetória como jogador de futebol. Apesar de ser paraguaio, o ex-volante passou grande parte da carreira no futebol brasileiro, mais especificamente em Porto Alegre. De 2003 a 2005, vestiu a camisa do Inter, e em 2007 defendeu o Grêmio.
— Sempre falo que Porto Alegre é a minha segunda casa. Aliás, meus filhos são gaúchos e sempre vou estar vinculado com o Estado. Meu vínculo é forte. Acho que bateu de uma forma bem legal comigo e minha família. Graças a Deus, nas duas equipes que joguei, tivemos momentos felizes, ganhando títulos e deixando uma marca importante. Essa é a minha lembrança: as amizades que fiz, os companheiros que tive e, principalmente, ter deixado portas abertas nos clubes. A melhor coisa que tem é poder voltar à cidade e levar meus filhos tanto ao Inter quanto ao Grêmio — comentou ele, em entrevista ao GaúchaZH.
A identificação com o futebol brasileiro é tamanha que Gavilán deseja voltar ao país — agora, como treinador. Este, inclusive, era seu plano antes da chegada da pandemia de coronavírus à América do Sul.
— Eu estou aqui em Assunção. Tínhamos planejado ir para o Brasil, mas o governo paraguaio fechou as fronteiras por causa da pandemia e a gente decidiu ficar em casa. Estamos no sexto mês da quarentena, esperando que as coisas voltem relativamente ao normal — revelou. — Estou me capacitando, dentro das possibilidades que temos. Já tive algumas experiências, mas tenho um longo caminho para chegar a este nível. Meu objetivo é trabalhar no Brasil, não apenas no Sul, mas quero abrir portas em outros Estados, como São Paulo e Goiás. Lugares que ainda não pude trabalhar, mas conheci como jogador — acrescentou.
Atuando como técnico desde 2014, o ex-volante passou por clubes de sua terra natal, como Sol de América e Deportivo Capiatá, e chegou a comandar o Pelotas no Gauchão do ano passado. Agora, a expectativa é que o sucesso de profissionais estrangeiros possa abrir portas para sua vinda ao Brasil.
— Neste período, vários profissionais conseguiram entrar no mercado brasileiro e fazer um bom trabalho. O Jorge Jesus ganhou tudo com o Flamengo, e agora o Domènec Torrent tem a oportunidade de manter o trabalho. O Sampaoli fez um baita trabalho no Santos e agora tenta com o Atlético-MG, e o Coudet está tentando colocar sua ideia no Inter. Então, tem um mercado importante, onde tem grandes treinadores brasileiros, mas com essa porta que começou a se abrir para os estrangeiros — projeta.
Sobre o atual técnico colorado, o paraguaio ainda revela que chegou a enfrentá-lo nos tempos em que atuou no Campeonato Argentino e vê semelhanças ao que ele exige de seus comandados nos tempos atuais.
Muricy e Mano foram meus mentores na época de jogador e me estimularam a seguir como treinador
DIEGO GAVILÁN
ex-volante de Inter e Grêmio
— Quando joguei no Newell's, em 2006, ele estava no River Plate. Depois, o enfrentei no clássico de Rosário, quando ele estava no Rosario Central. Muitas vezes, o jogador tem uma maneira diferente de jogar à quando vira treinador. O Schiavi, por exemplo. Joguei com ele, todos têm uma ideia dele como jogador, e como treinador é completamente diferente. O Coudet jogava na parte ofensiva e tem uma filosofia de jogo que está tentando implementar no Inter, que já fez no Racing, onde foi campeão. Acho que é compatível com o jeito que ele atuava, jogando rápido, gostando da posse de bola — avalia.
Já Gavilán, sobre seu próprio modelo de jogo, tenta se inspirar em técnicos brasileiros. Dois deles que, inclusive, o comandaram nos tempos de Beira-Rio e Olímpico.
— O Brasil tem excelentes treinadores. Aliás, meus professores foram brasileiros. Muricy (Ramalho) e Mano (Menezes) foram meus mentores na época de jogador e me estimularam a seguir como treinador — conta. — Para mim, eles estão lá em cima do pódio, em primeiro lugar, cada um com sua característica e metodologia. E tem outros profissionais que conheci, como o Roger (Machado) e Paulo Autuori, que são referências para mim. O Fernando Diniz, que está no São Paulo, e o Tiago Nunes, que está no Coritnhians, também são profissionais que, graças a Deus, tenho um contato contínuo e são referenciais dentro da minha formação para chegar a um nível alto e competitivo — finaliza.