Mais uma edição do Campeonato Brasileiro começa neste fim de semana e, ao contrário do que se acostumou a fazer nos últimos anos, Mano Menezes não estará envolvido com futebol. No próximo domingo (9), o treinador participará de uma live especial de Dia dos Pais para abordar um outro lado que pouca gente conhece. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, ao lado da filha Camila, que é jornalista, conversou um pouco sobre o projeto. Camila disse que é um sentimento diferente ser entrevistada ao lado do pai.
— Nestes 11 anos em que trabalhamos juntos, fugimos de várias entrevistas. Fiz um cálculo aproximado e foram 1,5 mil entrevistas, programas e eventos que fizemos juntos, mas sempre eu no bastidor e ele falando. Ou, em algumas situações, eu sendo entrevistada sobre esta relação de como é trabalhar com o pai. Mas nunca juntos. E foi essa a razão para propormos essa live de Dia dos Pais. Nos demos conta de que passamos muitos Dias dos Pais longe, mas este ano tem um sabor diferente, porque está sendo muito difícil para várias famílias. Então, queríamos dividir nossas histórias um pouco, e convidamos as pessoas para trazer seus pais ou seus filhos para assistir à live e ter um olhar positivo em relação a elas. Andamos tão preocupados que, muitas vezes, não enxergamos o lado bom das coisas e o quanto elas nos fazem crescer — contou Camila, que é formada em jornalismo.
Na entrevista, Mano foi questionado sobre o momento do futebol brasileiro e a busca por treinadores estrangeiros. Além do espanhol Domenèc Torrent, que substituiu Jorge Jesus no Flamengo, o Brasileirão ainda contará com as presenças dos argentinos Jorge Sampaoli, no Atlético-MG, e Eduardo Coudet, no Inter.
— O Brasil é um país da moda. A moda agora é treinador estrangeiro, e temos de aceitar como as coisas são. Isso não acontece do nada. Traz suas causas e, na minha opinião, até erradas. Nossos problemas no futebol já se arrastam há muitos anos. Mas, quando acontece alguma coisa específica, como o famoso 7 a 1, é como se aquilo se desnudasse e de uma hora para outra as pessoas têm a solução mágica. Essa moda vai passar, como todas as outras passaram. Mas acho positivo a vinda de técnicos estrangeiros. Elevar o nível, como fez o Jorge Jesus, causa desconforto e incomodação e, aqueles técnicos que escolherem o caminho correto, da busca por uma melhor preparação, para formar uma metodologia e filosofia nova, vão passar por isso como deve ser, trazendo coisas boas para o futebol brasileiro. Mas a moda vai passar, porque logo os técnicos estrangeiros terão os mesmos problemas que tivemos aqui, que é a questão do calendário, campos ruins, derrotas. Só um vai ganhar e todos os outros vão perder. O mundo está muito imediatista, e a moda vai passar e outra moda virá — comentou.
Gaúcho de Passo do Sobrado, Mano criou uma forte ligação com o Grêmio, onde trabalhou de 2005 a 2007, tirando a equipe da Série B, sendo bicampeão gaúcho e chegando à final da Libertadores. Ainda assim, segundo ele, isso não impediria que um dia trabalhasse no Beira-Rio. Este, porém, é um assunto abordado com muito cuidado.
— Eu sou um técnico de futebol profissional. Isso resume tudo o que a gente pode dizer sobre treinar esse ou aquele clube. Não tenho nenhum preconceito contra clube nenhum. São circunstâncias. Às vezes, acontecem a favor, às vezes, contra. Não gosto de dizer se vou treinar ou não, porque as consequências de uma fala em um momento mais delicado de um clube podem (fazer) parecer que o treinador está se oferecendo ou se intrometendo. Não gosto que façam comigo, então não gosto de fazer com os outros. Mas sou um técnico profissional de futebol — despistou.
O último trabalho de Mano foi ainda no ano passado, no Palmeiras. Mesmo tendo deixado o clube paulista, o treinador permaneceu em São Paulo de onde, inclusive, assistiu ao clássico Gre-Nal que decidiu o segundo turno do Gauchão.
— Me parece que as coisas estão bem claras no Rio Grande do Sul. Nós temos um trabalho do Renato há bastante tempo, bem solidificado, com ideias claras e um grupo vencedor. Eu tive um grupo vencedor no Cruzeiro e sei como é isso. Quando chega na hora crítica, esse grupo tem uma resposta forte, porque se construiu vencedor. E se tem um trabalho iniciante, com o Coudet chegando e tentando construir uma filosofia diferente no Inter. E, no futebol, a exceção é o Flamengo. De um modo geral, um trabalho oscila, traz percalços, testa convicções de quem está propondo esse trabalho. É o que vive o Internacional hoje. Então, essa sucessão de resultados negativos em Gre-Nais incomoda e atrapalha. Essa semana será de passos atrás, para se reafirmar, rever algumas coisas e seguir no caminho, se é que o clube tem todas as convicções que deve ser assim — analisou.
Sobre o Grêmio, o treinador falou sobre o lateral-direito Orejuela, que foi comandado por ele no Cruzeiro.
— Fui eu quem o trouxe para o Cruzeiro e vou dizer o que aconteceu. Ele saiu muito novo da Colômbia e foi para a Holanda. E isso acontece muito com jogadores sul-americanos que chegam lá (na Europa) e as coisas não acontecem como se esperava. Ele estava jogando no time B. Nós estávamos só com o Edilson na lateral e trouxemos o Orejuela. Depois de um momento de adaptação, começou a jogar bem e quase se tornou titular da posição. Mas ele joga isso aí mesmo. É um jogador fogoso, de apoio, que chega com muita facilidade na frente. É rápido e tem a vantagem de correr para trás na mesma velocidade que corre para a frente. Precisa melhorar um pouco no acabamento final da jogada, porque chega muitas vezes na frente e não acaba tão bem a jogada. Mas ele tem qualidade para fazer isso, habilidade. É só uma questão de treinamento — disse.
A live de Mano Menezes com a filha Camila irá ao ar às 18h de domingo, no perfil @escolha.mais do Instagram.