Dois meses depois dos últimos jogos de Grêmio e Inter, Arena e Beira-Rio vivem dias de manutenção e pouco movimento. Funcionários das equipes administrativas dos estádios foram demitidos, e os que ficaram trabalham de casa ou com turnos e remunerações reduzidas. A queda de arrecadação e implementação de cuidados sanitários fizeram a rotina e o fluxo de caixa dos clubes mudarem.
Segundo levantamento do Globoesporte.com atualizado no final de março, o Inter é o quarto clube das séries A, B e C do Brasil com maior arrecadação em bilheteria. O Beira-Rio rendeu R$7,1 milhões em sete jogos. A Arena do Grêmio havia arrecadado, até o fim de março, R$5,2 milhões em cinco partidas, sendo o oitavo no mesmo ranking. Uma média de aproximadamente R$ 1 milhão por jornada em cada estádio.
Se por um lado não há entrada de dinheiro, também não há custos para a realização dos jogos, pondera o vice-presidente de Administração do Inter, Victor Grunberg. Ele conta que o planejamento requer paciência e constante avaliação.
— Trabalhamos de cenário em cenário. Primeiros 30 dias foram de férias, agora são mais 60 estipulados até a volta do Gauchão, se tudo der certo. Vamos vendo. Temos que fazer economia, tanto em contratos quanto nas rotinas — projeta.
O quadro de funcionários do Inter foi reduzido em cerca de 40 pessoas nas últimas semanas. A maioria dos demitidos cumpria funções administrativas. A readequação se deu após todo o setor começar a operar em teletrabalho.
Os que seguem — e também os jogadores — terão jornada e salários reduzidos pelo clube em 25%, como prevê a medida provisória 936. A equipe de manutenção, composta por cerca de 40 pessoas, está disponível para reparos.
— Não tenho como ter alguém de manutenção em home office. Estamos agora como se estivéssemos em dezembro, após o fim do Campeonato Brasileiro. É hora de fazer revisões nas estruturas, pinturas, manutenções assim — comenta, garantindo que o gramado está em condições de jogo.
A relação com a BRio, empresa que administra uma parte das arquibancadas, lojas externas e edifício garagem não muda em nada para o clube. A empresa, que financiou a reforma do estádio colorado, hoje renegocia os financiamentos bancários, alugueis das 120 lojas que possui no complexo e espaços de publicidade.
Cerca de 15 contratos de prestadores de serviços terceirizados foram suspensos, assim como os de 11 de seus 24 funcionários contratados. Os 13 restantes atuam de casa com jornada e salário reduzidos, também nos moldes da MP 936.
Sobre a possível volta do Gauchão em 2020, o diretor-executivo da BRio, Paulo Pinheiro, diz que a falta de público no estádio faz com que a disputa não faça tanta diferença para a empresa.
— Apoio qualquer movimento de retorno do futebol dentro das legislações e cuidados com a saúde de todos envolvidos, porque vivemos disso. O momento é muito delicado e prezamos pela vida. Precisamos ter cautela e criatividade para olhar o cenário e descobrir como desenvolver negócios nesta nova normalidade que se apresenta — comenta.
Do lado tricolor, a Arena aproveitou o período sem jogos e eventos para trocar o gramado. Assim como no Inter, as áreas administrativas também tiveram suas equipes reduzidas e jornadas adaptadas. O campo recebeu atenção especial e plantio da chamada grama de inverno em três etapas.
— Primeiro, realizamos o corte vertical e rebaixamos a altura da grama atual, retirando a matéria orgânica do gramado. No segundo dia de serviço, fizemos a sobressemeadura com as sementes da grama de inverno, que chamamos de Ryegrass. Após este processo, passamos uma escova para deixar a semente em contato com o solo. No último dia de trabalho, separamos um turno para a aplicação fina de areia, que protege o crescimento das sementes e outro turno para finalizar processo com uma adubação pesada — contou a engenheira agrônoma Francine Saraiva, responsável pelos procedimentos entre os dias 6 e 8 de abril, em reportagem de GaúchaZH.