Após uma série de contatos nos últimos dias, a reportagem de GaúchaZH conseguiu entrar, na tarde de sexta-feira (13), na Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai, onde Ronaldinho e Assis estão presos desde sexta passada.
A primeira impressão é de um local tranquilo e seguro — até porque é um quartel, e apenas parte da construção é um presídio.
A recepção foi feita pelo Comisário Blas Vera, que é o diretor da cadeia. A única preocupação da reportagem foi no momento em que Vera mostrou a área, logo na entrada, onde ficam os presos perigosos, como os chefes do narcotráfico. Ali, muitos policiais com metralhadoras nas mãos garantem a segurança.
Obviamente, não é nesta parte do presídio em que ficam Ronaldinho e Assis. Os irmãos Assis Moreira estão distantes cerca de cem metros deste local, em um pavilhão em forma de "U", com muitas árvores no setor interno. Em outra área logo ao lado, está localizado uma quadra de futsal, onde Ronaldinho já bateu uma bola, e um campo com uma pista atlética improvisada, onde Assis faz caminhadas diárias.
É neste setor que é os detentos passam boa parte do dia, embaixo das árvores. Durante a semana, a temperatura bateu em 40°C todos os dias em Assunção.
Toda esta parte do presídio foi possível observar à distância, já que não foi permitida a aproximação. Durante a semana, Ronaldinho recebeu vários pedidos de entrevista — todos foram negados. O ex-jogador foi extremamente educado e solicitou ao Comisario que enviasse o seu pedido de desculpas por não atender neste momento.
Após caminhar pela Agrupación, a reportagem acessou a sala de Blas Vera. Torcedor do Olimpia, ostenta uma flâmula em cima da sua mesa. Ele explicou o funcionamento do presídio e como está a rotina de Ronaldinho e Assis lá dentro. A curiosidade é que a entrevista foi feita nas duas cadeiras onde os irmãos se sentaram para receber as instruções sobre como funcionam as regras da cadeia.
Confira a entrevista com o comissário Blas Vera
Ronaldinho e Assis estão juntos?
Aqui é um quartel, mas uma parte está convertida em presídio. Temos três áreas em que ficam os detidos. Uma zona de segurança máxima, onde estão os presos de maior perigo, uma área média e uma leve, para presos não perigosos, onde está Ronaldinho. Ele e Assis estão em um pavilhão, com mais 25 pessoas. Essa área antes era uma oficina, com dormitórios. É um espaço bem grande.
O que Ronaldinho tem feito durante os dias?
Neste setor, existe um pátio interno, e de dia ele e Assis ficam por ali. À tarde, tem horário estabelecido para esportes. Ontem (quinta-feira) à tarde, ele caminhou e jogou futsal.
E como foi isso? Imagino que tenha sido um momento diferente para todos.
A verdade é que todos os detidos se reuniram para ver o jogo, ficaram muito felizes. Acredito que Ronaldinho tenha se sentido bem depois disso.
Como funciona a alimentação para Ronaldinho e Assis?
Tudo que eles consomem vem de fora, trazido pelos seus advogados. Há um controle antes de a comida ser entregue. Tem também um pequeno espaço com uma parrilla, para fazer um churrasco. No seu quarto, tem cama, ventilador. Ele está bem, na medida do possível.
Sabe se Ronaldinho assistiu ao Gre-Nal?
Há uma TV no seu quarto, e ele fica sabendo de tudo que se passa fora daqui. Ele viu também jogos da Liga dos Campeões.
Ronaldinho e Assis estão usando as roupas que trouxeram de fora, correto?
Aqui, os reclusos não usam uniforme. Podem usar a roupa que trazem de fora, pois este local é originalmente para presos policiais.
Há alguma preocupação com a disseminação do coronavírus?
Estamos tratando disso há alguns dias. Temos seis casos da doença no Paraguai, e estamos cuidando dos detalhes de acordo com as orientações do governo federal. O coronavírus é algo novo para você, para mim. Estamos falando com os presos sobre o que fazer para evitar a doença. Por isso, estamos diminuindo o número de visitas para apenas uma pessoa por cada detido.
Ronaldinho tem recebido muitas visitas?
São poucas visitas de gente conhecida, como Gamarra, o presidente da Associação de Jogadores, Delgado. Disseram que Roque Santa Cruz e Adebayor podem vir no domingo. Mas sempre há gente do Consulado Brasileiro ajudando ele e o Assis.
O senhor falou com Ronaldinho quando ele chegou? Como ele estava?
Quando um recluso chega a este quartel, é recebido pela chefia. Eu lhe dei boas vindas, expliquei o que se pode fazer, o que é permitido ou proibido. E sempre o achei bem, nunca me pareceu triste.