Em meio à epidemia de coronavírus, mais uma competição esportiva foi cancelada a poucos dias da abertura. Na tarde de terça-feira (3), a Federação Internacional de Judô (IJF) anunciou a não realização do Grand Prix de Rabat, no Marrocos, que começaria na próxima sexta-feira (6). Ao todo, 13 judocas brasileiros participariam do torneio. Entre eles, dois atletas da Sogipa: a peso ligeiro (-48kg) Nathália Brigida, e o peso meio-médio (-81kg) João Macedo. Ambos buscam pontos no circuito visando os Jogos de Tóquio 2020.
Quando o cancelamento da competição foi anunciado, Macedo era o único judoca brasileiro em solo marroquino — sua passagem foi emitida separadamente da dos demais integrantes da seleção. O paulista de 27 anos desembarcou na cidade de Casablanca ainda na terça, duas horas antes da IJF anunciar a suspensão do torneio.
— Fiquei bem chateado. Estava me sentindo bem fisicamente e psicologicamente, pronto pra buscar pontos importantes. Mas são coisas que não estão no controle da IJF e CBJ (Confederação Brasileira de Judô), foi uma medida tomada pelo governo do Marrocos. Agora é momento de olhar pra frente e focar nas próximas oportunidades — afirmou João Macedo, ainda em terras africanas, em entrevista à GaúchaZH.
O judoca retornará a Porto Alegre nesta quinta-feira (5). No entanto, o cancelamento de um evento dessa magnitude, às vésperas das disputas, causa uma série de transtornos aos atletas, não somente em relação ao ranking olímpico mas também financeiro.
— Vim por convocação (da CBJ), mas depois do cancelamento do evento tive todo apoio da Sogipa que está me ajudando com as diárias do hotel, que também foram canceladas. Já o reagendamento do voo foi mais tranquilo. A empresa aérea conseguiu adiantar as passagens sem custos — revelou.
A decisão foi tomada pelo governo de Marrocos que, assim como outros países, optou por evitar eventos com aglomerações públicas. Até o momento, um caso do vírus foi confirmado no país.
— A medida ocorreu porque na segunda-feira foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Marrocos. Aí o governo tomou esta decisão drástica no dia seguinte — disse Macedo, que afirmou que o clima no país não é de alarmismo:
— No aeroporto, na imigração, eles estão entregando um questionário para todos os passageiros que chegam. Perguntam se a pessoa esteve na China ou na Itália e se teve algum sintoma da doença. Não vi muita gente de máscaras, nem muita movimentação ou pessoas preocupadas.
A CBJ ainda não decidiu se os 13 atletas prejudicados serão inscritos em outros eventos. De acordo com a assessoria de imprensa da entidade, "todos os cenários estão sendo analisados".
— Estamos avaliando todos os cenários. Como foi recente esse cancelamento não dá para dizer nada ainda. O que a IJF fez foi reabrir as inscrições para Rússia (o Grand Slam de Ecaterimburgo), mas estamos aguardando essa situação estabilizar para tomar qualquer medida nesse sentido — disse a assessoria da CBJ em contato com a reportagem.
A corrida em busca de uma vaga na Olimpíada só termina em maio. E o caso do sogipano João Macedo é delicado. O paulista precisa pontuar para continuar sonhando com a Olimpíada. Em 52° no ranking olímpico, o titular na categoria até 81Kg é o japonês naturalizado brasileiro Eduardo Yudy — 22° na lista, com 1326 pontos de vantagem para Macedo).
No Circuito Mundial de Judô, Grand Prixs é o quarto torneio que mais distribui pontos no ranking (700 para o vencedor), ficando trás apenas de Grand Slams (1000), do Masters (1800) e do Campeonato Mundial (2000).
Mapa do coronavírus
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