Era janeiro de 2000. A Seleção Brasileira disputava o torneio Pré-Olímpico de futebol em Londrina. O time formado por Vanderlei Luxemburgo tinha várias jovens estrelas: Athirson, Fábio Junior, Lucas (Athletico-PR), Adriano Gabiru, Fábio Costa, o meia Alex e Ronaldinho.
A vaga para os jogos de Sydney veio com facilidade e com direito a grandes exibições da equipe brasileira, que se sagraria campeã. O então camisa 10 gremista vestia a amarelinha de número 7 e brindou o público que compareceu aos sete jogos no Estádio do Café com grandes atuações — foi artilheiro e craque da competição.
Mas o que mais me marcou não foram os três gols na vitória de 4 a 2 sobre a Argentina, onde ele só não fez chover no norte paranaense. Mas, sim, uma conversa/entrevista realizada no estúdio da Rádio Pampa, onde eu trabalhava à época, localizado no apartamento que dividi por 30 dias com o saudoso Ricardo Vidarte, que faleceu no começo de 2018.
Em uma noite de folga dos jogadores, combinei com Ronaldinho para ele nos visitar no oitavo andar do Hotel Crystal, onde a Seleção e alguns jornalistas estavam hospedados, e participar de um programa da rádio. Pois bem, pontualmente às 20h, quando a programação seria retomada depois da Voz do Brasil, lá estava o magrelo e dentuço atacante.
De bermuda, camiseta de passeio da Seleção e tênis, entrou no apartamento e sentou-se no chão, perto dos equipamentos. Colocou um fone e nos brindou com um bate-papo de uma hora, com direito a interação com os ouvintes que ligavam para participar da conversa.
A entrevista foi boa e depois de muitas risadas, Ronaldinho ainda ficou mais alguns minutos para colocar a conversa em dia. Queria saber do Grêmio, do técnico Emerson Leão, que já dava sinais de atrito com alguns jovens do elenco, todos claro amigos do R10.
Na despedida, ainda atendeu dois pedidos: autografar o material de imprensa distribuído pela CBF a cada jogo. Um ficou comigo e foi dado de presente para uma amiga da Rejane, minha esposa.
O outro com o Vidarte, que ainda brincou:
— Vou guardar porque tu vais ser o melhor do mundo daqui cinco anos — disse com o mesmo entusiasmo que fazia qualquer frase. A profecia se concretizou. Pena que o melhor do mundo, atualmente, viva dias tão sombrios em sua vida.