O ex-jogador Ronaldinho virou réu em uma ação civil coletiva na tarde desta terça-feira (18) que pede R$ 300 milhões por danos morais e materiais por causa de sua ligação com a empresa 18kRonaldinho. Desde 2019, a firma tem bloqueado o dinheiro de clientes que investiram em suas atividades.
A ação coletiva está sendo movida pelo Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo) de Goiás, que diz ter identificado 150 pessoas lesadas pelo bloqueio das contas da 18k. De acordo com o Ibedec, as vítimas moram em vários estados brasileiros e em países como Estados Unidos, Portugal e Itália.
O valor estipulado na ação foi calculado com base nos supostos prejuízos das vítimas, mas o pedido ainda será apreciado pela Justiça.
Além de Ronaldinho e da empresa que leva seu nome, aparecem como réus da ação os diretores e colaboradores Marcelo Lara Marcelino, Bruno Rodrigues Alcântara, Raphael Horácio Nunes de Oliveira e Athos Trajano da Silva, que costumavam arregimentar clientes em reuniões pelo Brasil.
No ano passado, se tornaram públicas as atividades da empresa, que dizia fazer marketing multinível e prometia rendimentos de até 2% ao dia, além de prêmios como um Porsche Panamera para quem comprasse pacotes que iam de US$ 30 a US$ 12 mil (aproximadamente de R$ 130 a R$ 52 mil). A promessa era auferir rendimento de operações na criptomoeda Bitcoin.
Em outubro, após uma reportagem revelar que o Ministério Público Federal investigava a 18k por suspeita de ser uma pirâmide financeira, prática considerada crime contra a economia popular, Ronaldinho anunciou seu desligamento e passou a se dizer vítima da empresa. Logo depois, os clientes começaram a não conseguir mais retirar o dinheiro investido na plataforma online.
O advogado Gabriel Villarreal, que defende a 18k, não quis se pronunciar, por ainda não ter sido notificado oficialmente. Ele afirmou não saber se o presidente e colaboradores da empresa iriam responder sobre o bloqueio das contas dos clientes.
Marcelo Lara Marcelino, que se apresenta como CEO da 18k e mora nos Estados Unidos, tem gravado vídeos distribuídos pelo WhatsApp, nos quais afirma que seu negócio foi vítima de uma fraude e que por isso teria bloqueado os saques de sua plataforma.
Ele já prometeu devolver o valor investido em relógios e ações de outras empresas, mas os clientes dizem que, até agora, as promessas não se concretizaram.
Firma também é investigada pelo Ministério Público
Além da ação civil, a 18kRonaldinho é alvo de uma investigação na esfera criminal, levada a cabo pelo Ministério Público de São Paulo. A promotoria já ouviu o ex-jogador. Na ocasião, ele afirmou ter tido o nome usado indevidamente em ações promocionais.
Os promotores pretendem agora ouvir os sócios da empresa, que vivem no Rio de Janeiro, a respeito da denúncia.