A entrevista coletiva de Roger Machado após a partida entre Fluminense e Bahia, no último sábado (12), repercute mundialmente. O jornal inglês The Guardian publicou uma matéria em seu site em que estão destacadas não só as falas do treinador contra o racismo, mas também o atual momento político brasileiro e o relacionamento entre jogadores relevantes no cenário nacional e o presidente Jair Bolsonaro.
Apresentando alguns trechos das falas do treinador do Bahia, o The Guardian ampliou o assunto racismo no futebol brasileiro, destacando que Roger e Marcão, atual técnico do Fluminense, são os únicos negros treinando times do Campeonato Brasileiro.
— Negar e ficar em silêncio é confirmar o racismo. O grande preconceito que eu sinto não são os insultos racistas. Eu sinto o preconceito quanto vou a um restaurante e eu sou o único negro que está lá. Na universidade em que estudei, eu era o único negro. As pessoas dizem que eu estar aqui é a prova de que o racismo não existe. Não, a prova de que o racismo existe é o fato de somente eu estar aqui — disse o treinador.
A publicação do The Guardian ainda trata do apoio que o presidente Jair Bolsonaro recebe de atletas em atividade e já aposentados. Cafú, Ronaldinho, Kaká, Lucas Moura e Felipe Melo são os citados.
Os ingleses também trouxeram exemplos de crimes que ocorreram no Rio de Janeiro recentemente para demonstrar o atual cenário que é vivido no Brasil. Destacando o alto número de mortes causadas pela polícia carioca — foram 885 pessoas mortas em um período de seis meses, maior número desde 1998 — o jornal relembrou a morte da menina Ághata Félix, de oito anos, que foi baleada por um policial enquanto ia para a escola.
Outro fato relatado na publicação foi a crítica aberta do jogador Lucas Santos, atualmente no CSKA Moscou, ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Ressaltando o ótimo relacionamento entre Witzel e Bolsonaro, o The Guardian caracterizou o atual líder do executivo fluminense como responsável por instaurar uma campanha de sangue em invasões policiais em comunidades carentes da capital.