O primeiro dia de disputas no Grand Slam de Judô de Brasília foi sem vírgulas para a seleção brasileira. Com 20 judocas em ação no tatame do Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), neste domingo (6), nove deixaram a competição com uma medalha no peito. Um desempenho histórico para o país. Ao todo, foram dois ouros, quatro pratas e três bronzes. Mas o destaque do dia ficou por conta do porto-alegrense Daniel Cargnin, 21 anos, campeão da categoria até 66kg mesmo com uma costela quebrada.
Para chegar na final, o atleta da Sogipa venceu quatro lutas por eliminação de seus adversários — todos com três punições. Na decisão, o gaúcho cresceu com o apoio da torcida e derrotou o italiano Manuel Lombardo por wazari. Com a vitória, Cargnin soma 1000 pontos no ranking mundial e praticamente carimba seu passaporte para Tóquio 2020.
— Estou muito feliz que minha família veio me assistir. É a coroação dos meus treinos, do meu esforço diário. Só tenho a agradecer e comemorar esse título, para voltar a Porto Alegre, me recuperar e seguir meus treinamentos — disse o judoca após a cerimônia de entrega da medalhas, único sogipano a subir ao pódio no primeiro dia de competições.
Felipe Kitadai, na categoria até 60kg, também atleta do clube porto-alegrense, nem chegou a disputar medalha. Caiu na repescagem para o espanhol Francisco Garrigos, com um wazari no golden score.
O inesquecível domingo começou pela organização, excepcional e pontual como exige a modalidade japonesa. O CICB foi completamente transformado para abrigar um dos mais importantes torneios do calendário do judô mundial. A seriedade e sobriedade típicas do pavilhão principal deram lugar ao vermelho e amarelo dos tatames da Federação Internacional (IJF).
Nas arquibancadas, comportamento irretocável. Os cerca de mil acentos estavam completamente lotados e os brasilienses entraram no clima. Além de apoiar cada brasileiro que lutou durante o dia, a torcida fez a famosa "ola", dançou e cantou.
— A torcida foi excepcional, eles gritando o nosso nome o tempo todo. Ajuda muito. Mas quando estava cansado eu pensava na minha coach, na minha mãe, nos meus amigos e dizia para tirar força — também revelou o gaúcho.
No feminino, a maior surpresa do dia tem nome e sobrenome: Ketelyn Nascimento. A jovem de 21 anos, atleta da base, eliminou a campeão olímpica Rafaela Silva na semifinal da categoria até 57kg e faturou a medalha de prata. O ouro ficou com a britânica Nekoda Smythe-Davis.
Para Rafaela Silva, que encara dias difíceis com uma acusação de doping, restou o gosto amargo do bronze dentro de casa.
— É o meu primeiro Grand Slam. É de extrema importância para a minha carreira essa conquista. E ganhar de uma medalhista olímpica tem seus créditos — disse sorridente a jovem promessa do judô brasileiro após ficar com a prata.
Na categoria até 48kg, Gabriela Chibana ficou a prata. Na categoria até 60kg, Allan Kawabara ficou com o ouro e Eric Takabatake com a prata. Na categoria até 52kg, Larissa Pimenta foi prata e Eleudis Valetim ficou com o bronze. Além de Cargnin subir ao pódio, Willian Lima foi bronze na categoria até 66kg.
Veja os principais resultados do primeiro dia:
48kg
FINAL
Gabriela Chibana x Catarina Costa (POR) - perdeu por wazari
52kg
BRONZE
Eleudis Valentim x Joana Ramos (POR) - venceu por dois wazaris (ippon)
FINAL
Larissa Pimenta x Odette Giuffrida (ITA) - perdeu por ippon
57kg
BRONZE
Rafaela Silva x Telma Monteiro (POR) - venceu por wazari no golden score
FINAL
Ketelyn Nascimento x Nekoda Smythe-Davis (GBR) - perdeu por ippon
60kg
BRONZE
Renan Torres x Francisco Garrigos (ESP) - perdeu por wazari
FINAL
Allan Kawabara x Eric Takabatake - Allan venceu por ippon no golden score
66kg
BRONZE
Willian Lima x Abdula Abdulzhalilov (RUS) - venceu por wazari
FINAL
Daniel Cargnin x Manuel Lombardo (ITA) - venceu por wazari