Pedro Rocha tem seu nome gravado na história do futebol gaúcho. Lançado pelo Grêmio em 2015, o atacante viveu seu auge na Copa do Brasil do ano seguinte. No Mineirão, na decisão contra o Atlético-MG, fez dois gols e foi expulso, na vitória por 3 a 1 que encaminhou o título ao clube gaúcho. Negociado de surpresa para a Rússia (o Spartak, de Moscou, tinha ido a Porto Alegre para buscar Luan e acabou levando outro atacante), não fez parte dos últimos mata-mata da Libertadores de 2017.
Mas há outra razão para Pedro Rocha estar para sempre gravado em Porto Alegre. Como uma forma de homenagear sua passagem pelo Grêmio, sua família mandou fazer uma estátua para o jogador. Erguido na Avenida Goethe, quase ao lado do Parcão, o monumento está localizado na região do primeiro estádio do Grêmio.
E, com toda sua história no Tricolor, ele agora enfrentará o Inter. A missão é impedir, do lado do Cruzeiro, o Gre-Nal decisivo da Copa do Brasil. Ele recebeu a reportagem de GaúchaZH no CT Toca da Raposa II.
Confira a entrevista completa com Pedro Rocha:
Como está sendo a readaptação ao futebol brasileiro?
Está sendo da melhor forma, é lógico que quando vem de fora requer tempo a mais de readaptação, mas creio que comigo foi rápido, até pela bela recepção que tive aqui me senti muito em casa.
Percebemos que mudou sua posição em campo. É emergência atuar como centroavante?
No Grêmio sempre atuei pelas beiradas. Aqui, mesmo com o Mano, atuei mais centralizado, já tinha sido assim, mas não no Grêmio. Mas aqui tem sido assim, mesmo com o Ceni, é uma posição que gosto também, fico mais próximo do gol e isso facilita para qualquer centroavante.
O que pode dizer da passagem pela Rússia?
Foi boa. Lógico que, quando chega, precisa de um tempo de adaptação, principalmente ao futebol russo, que é bem diferente do brasileiro, de mais força e menos de técnica, digamos. Demorei um pouco para me acostumar ao frio, que não é nem perto do frio do Sul. Mas foi uma experiência boa. E se precisar voltar, estarei pronto, porque estou por empréstimo aqui, mas a prioridade é ficar no Cruzeiro, no Brasil.
Como têm sido os primeiros dias de Rogério Ceni?
Rogério gosta de intensidade já nos treinos. E isso é bom, porque estamos em um período de readaptação de treinamentos. Estamos tentando assimilar rapidamente o que ele e a comissão pedem para ficar prontos para os jogos.
É possível notar alguma mudança no time?
Dá para perceber. Ele gosta da intensidade, que fique com a bola, que marque em cima quando perde. São características diferentes, e que ele está implementando.
O Cruzeiro divide as atenções da Copa do Brasil com o Brasileirão, porque a zona de rebaixamento está próxima, e isso pesa muito. Então o quanto vale o jogo de quarta?
É muito importante. É a mostra da grandeza do Cruzeiro. Se vencer, vamos chegar à terceira final seguida da Copa do Brasil. Isso mostra o quão gigantesco é o clube. Estamos muito confiantes, preparados para fazer um grande jogo na quarta-feira.
Pela tua história no Grêmio, tem algum gostinho especial enfrentar o Inter?
Tem, porque vivi muitos anos no Grêmio, e tinha ali essa rivalidade. Então sempre quando joga contra o Inter tem uma rivalidade a mais. E contra o Cruzeiro, é um grande clássico brasileiro. Jogar no Beira-Rio, diante da torcida do Inter, não é novidade para mim.
Falando em Grêmio: mantém contato com os antigos colegas?
Mantenho contato com Maicon, Geromel, os que jogaram comigo. Duas semanas atrás visitei eles no CT. É muito bom manter contato no futebol, isso faz a diferença. Semana que vem vamos ter confronto com eles pelo Brasileirão e vamos manter essas amizades para a vida toda.
Quando estava no Grêmio, o Inter vivia o pior momento de sua história. Como prevê esse reencontro agora, com o novo momento colorado?
O Inter, apesar do momento que viveu quando eu estava no Grêmio, sempre foi um grande clube do futebol brasileiro. Isso não mudou. E agora está num momento muito bom. Sabemos que vamos enfrentar um grande time, que tem jogado muito bem e mesmo que tenha sido eliminado na Libertadores e acredito que agora estão com foco total na Copa do Brasil. Mas também estamos muito fortes e vamos tentar chegar a essa final.
Existe uma grande expectativa no Rio Grande do Sul de termos um Gre-Nal na decisão da Copa do Brasil. Como é tentar impedir isso?
Aquilo que eles querem, a gente quer também. Acredito que toda a imprensa quer um Gre-Nal na final da Copa do Brasil, mas o nosso objetivo é pôr água no chope das pessoas, porque também queremos chegar na final e, se Deus quiser, ser mais uma vez campeão.
Se conseguir, prefere o Grêmio como adversário ou o Athletico-PR, para evitar sentimentalismo?
Não dá para escolher adversário. São dois grandes clubes, o Athletico também vem muito bem. O Grêmio tem uma vantagem. Mas a gente precisa vencer primeiro para poder chegar à final.
E sua relação com Porto Alegre? Sente saudade, tem amigos ainda?
Tenho muitos amigos ainda lá. Foram três anos lá. Sinto saudade, sim, de estar com eles, tomar chimarrão na Redenção, no Parcão.
Tem algo especial na região do Parcão, né? (risos)
Tem a homenagem que a família fez para mim. Ainda não tive a oportunidade de conhecer, mas quando for, sei que vai ser emocionante.
Não viu ainda?
Quando foi inaugurada, estava na Rússia e até hoje não consegui ver. Não sei se vai dar tempo. Mas fico orgulhoso. Até hoje recebo fotos de torcedores, principalmente gremistas, que vão lá ver. Fico muito feliz.
Qual estátua é mais bonita: a sua ou a do Renato?
Ah, ele é ciumento (risos). Ficou bem parecida. Fiquei muito feliz com o resultado, com essa homenagem da minha família.
E Seu Jessé, seu pai? Ele é um personagem importante na sua carreira, anotava os gols no caderninho, cornetava... Como está?
Está bem, sempre me acompanhando. Agora facilitou, porque somos de Vitória-ES e Belo Horizonte é mais perto. Então está aqui comigo, a todo vapor, com o caderninho, anotando quando faço gols.