A maior preocupação de Gabriel Schlichta Adriano, de 20 anos, era com o judô, esporte ao qual se dedicou desde pequeno. O primeiro contato foi aos três anos. A relação entre o paranaense e a modalidade ficou mais séria com passagens por seleções de base e dedicação diária aos treinos. No entanto, o sonho de quem é definido pelos técnicos como "uma promessa" foi encerrado de forma inesperada na piscina do condomínio em que morava, em Curitiba.
Gabriel foi encontrado morto no último domingo (8), por volta das 15h. A polícia aguarda o laudo sobre a causa da morte ficar pronto para determinar o que aconteceu com o judoca, que nadava sozinho no local, de acordo com conhecidos. À polícia, o pai de Gabriel, Ronaldo Adriano, afirmou que o filho tinha facilidade com a água e sempre nadava.
— Ele sabia nadar muitíssimo bem, surfava, ele tinha habilidade — contou o técnico de judô de Gabriel, Alan Vieira.
Vieira foi técnico de Gabriel durante toda a carreira. O primeiro contato do treinador com o aluno foi aos três anos, na escolinha em que os pais matricularam o garoto.
— Nossa amizade começou desde o jardim da infância, virou amigo da família, um garoto cativante. O pai é faixa preta de jiu-jítsu e era grande incentivador do esporte, para luta. Gabriel sempre esteve entre os melhores da categoria — relatou o treinador.
Gabriel era da categoria até 73 quilos, fez parte das seleções brasileiras de base e conquistou medalhas pelo Brasil. Em 2016, foi campeão sul-americano sub-18 e bronze no Campeonato Pan-Americano sub-18, disputou o circuito mundial em 2017 e, em 2018, foi segundo lugar na seletiva nacional sub-21. O judoca também foi campeão brasileiro sub-13 e há seis anos era atleta do Sociedade Morgenau, onde treinava em dois períodos diariamente.
— Ele sempre foi muito dedicado, sonhador. O sonho dele era ser atleta da seleção brasileira principal. Ele estudava de manhã (cursava direito), e trabalhávamos em dois períodos no projeto de alto rendimento de formação esportiva do clube, que busca as vagas de seleção — explicou Alan.
Hussein Omairi, técnico de força de Gabriel oriundo do levantamento de peso olímpico, definiu o judoca como um atleta determinado:
— Disciplina, persistência e foco. Sangue no olho. Como técnico de 20 atletas de judô, não tinha nenhum pra pegar ele. Ele era muito ambicioso. O sonho dele era a Olimpíada. Era um cara que ia pra cima e não desperdiçava final. A gente falava "Olimpíada, Olimpíada, foco, treino".
— Criamos um vínculo de irmãos. Eu falava que ele poderia ser 10 vezes campeão do mundo, mas não ia valer de nada se não tivesse uma medalha olímpica. O Gabriel estava aberto recebendo as informações. Por isso, ele cresceu — finalizou Hussein.