O brasileiro Alison Brendom ficou com a sétima colocação nos 400m com barreiras no Mundial de Atletismo, em Doha. Com o tempo de 48s28, o jovem de 19 anos quebrou seu recorde pessoal e comemorou mais um passo na evolução que tem demonstrado a cada competição.
— Foi uma prova incrível, pelas pessoas que estavam participando. Fico muito feliz com o resultado que fiz, mas saio com um gostinho de quero mais. Não exatamente de medalha, mas de resultado. Sei que poderia ter ido melhor, mas fica para o ano que vem — afirmou o atleta em entrevista ao SporTV.
Piu, como é conhecido o paulista de São Joaquim da Barra, havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no mês passado, no Peru. Com o resultado expressivo no Mundial, ele se estabelece na elite da modalidade, que tem hoje Karsten Walhorm como grande nome.
Campeão do mundo em 2017, o norueguês defendeu o título, completando a final em 47s42. Completaram o pódio o norte-americano Rai Benjamin, que fechou a decisão em 47s66, e Abderrahman Samba, do Catar, que obteve a marca de 48s03.
Para competir com os atletas mais bem estabelecidos da modalidade, em Doha, Piu fez um ajuste técnico. Entre a quarta e a quinta barreira, passou a correr 12 passos, ao invés de 13, algo que considera ter lhe ajudado a superar sua melhor marca anterior.
— A mudança foi gratificante, tanto que melhoramos o tempo, mas podemos melhorar mais. Infelizmente, errei um pouquinho no final. É um campeonato cansativo, porque são três tiros (eliminatória, semifinal e semifinal) de alto nível — disse o brasileiro.
Apesar da falha que julga ter cometido, Alison saiu satisfeito da competição. Ele vê margem de crescimento até os Jogos Olímpicos e a possibilidade de construir uma carreira na elite dos 400m com barreiras.
— Muito treino, muita disciplina e tentar evoluir ao máximo — afirmou, prevendo seus próximos passos. — Quero crescer e, quem sabe um dia, quebrar o recorde mundial — acrescentou o atleta, que carrega no rosto as marcas de um acidente na infância.
Cicatrizes
Uma panela de óleo caiu sobre sua cabeça quando ele era bebê, o que deixou cicatrizes bem aparentes na região da testa e do rosto. As queimaduras de terceiro grau o deixaram internado por mais de quatro meses, mas não foram empecilho para o caminho que acabou trilhando no atletismo anos mais tarde.
A partir de 2016, Piu viu que poderia se dar bem nos 400m com barreiras e apostou na prova, incentivado por sua ex-treinadora, Ana Cláudia Fidélis.
— No atletismo, não é a gente que escolhe a prova. É a prova que nos escolhe — costuma dizer o paulista, hoje treinador por Felipe de Siqueira, no clube Pinheiros.