Virou cena corriqueira na Seleção Brasileira uma pergunta ser endereçada ao treinador Tite e imediatamente repassada por ele ao auxiliar Cleber Xavier. Logo abaixo deles na hierarquia da comissão técnica está Matheus Bachi, 30 anos, filho do comandante gaúcho.
Matheus ganhou espaço com a saída de Sylvinho, anunciada no dia da convocação para a Copa América. O ex-jogador aceitou uma proposta para dirigir o Lyon, da França, e Tite decidiu que não havia a necessidade da contratação de um novo profissional.
— O Matheus passa a ser o terceiro. É o Cleber e o Matheus, dois auxiliares técnicos — disse o treinador, justificando a opção por não buscar outro membro para o grupo. — A gente traz dentro da estrutura da seleção essa continuidade — completou.
O filho de Tite chegou à comissão da Seleção junto com o pai, em 2016. Após anos de sucesso no Corinthians, o técnico chegou à equipe verde e amarela quase como unanimidade e foi pouco questionado por levar com ele o jovem. Quando isso ocorreu, defendeu sua capacidade.
Matheus acompanha o pai desde 2015, quando foi contratado pelo Corinthians. Depois de estudar nos Estados Unidos, ele ganhou um estágio no Caxias — clube que colocou Tite no cenário do futebol brasileiro — e acabou sendo levado à equipe do Parque São Jorge.
Para que a parceria continuasse na Seleção, foi necessário que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) driblasse seu próprio código de ética, que vetava a contratação de parentes de funcionários. Um remendo foi feito para que exceções fossem permitidas no departamento de futebol.
Como fazia no Corinthians, Matheus se manteve bastante discreto. Ele tem a voz pouco ouvida nos treinamentos, limitando-se à montagem da estrutura necessária — como a colocação de fitas demarcatórias e cones — e ao papel de bandeira em atividades táticas.
A contribuição maior, pelo que descrevem pessoas próximas da comissão, ocorre longe dos holofotes, nas discussões sobre o time. O jovem coloca sua opinião, e Tite lhe deu crédito por algumas das decisões tomadas à frente da equipe nacional.
Na última Copa do Mundo, ele se comunicava com o chefe das tribunas dos estádios, algo que passou a ser permitido pela Fifa na competição. Matheus, que também costuma fazer relatórios sobre futuros adversários, passava sua visão sobre a situação tática das partidas.
Agora, essa voz ganhou importância. Nas decisões técnicas sobre a Seleção, como reiterou Tite, Matheus só está abaixo do próprio pai e do assistente Cleber Xavier.