Porto Alegre sofre sua segunda invasão estrangeira em quatro dias. Se na quinta-feira (20) a capital gaúcha vestiu celeste ao receber mais de 15 mil uruguaios para assistir à partida contra o Japão, neste domingo é a vez de trajar as cores alvicelestes da Argentina. Para encarar o jogo da vida na Copa América, a torcida hermana obviamente não deixou sua seleção na mão. O time de Scaloni precisa vencer o Catar, às 16h, na Arena do Grêmio, para classificar-se às quartas de final da competição sul-americana.
O nível de confiança antes de a bola rolar na casa do Grêmio é exorbitante. Três horas antes do confronto, o entorno da Arena já estava tomado de argentinos otimistas e festeiros.
— Será goleada de 3 a 0 para a Argentina, dois de Lautaro e um de Messi — disse, feliz da vida, Miguel Caceres, da cidade de Posadas Misiones, enrolado em um bandeirão e com o rosto pintado das cores de seu país.
Ansiosos, os argentinos aguardavam a abertura dos portões desde a manhã. E, se alguns esquentavam-se com seus inseparáveis mates diante de uma agradável temperatura de 26°C, outros não pensaram duas vezes em aproveitar a oportunidade tomar uma cervejinha pré-jogo.
O sábado (22) foi de movimento nos postos de imigração do Rio Grande do Sul. Segundo a Polícia Federal, até a metade da tarde, cerca de oito mil pessoas haviam cruzado a fronteira, principalmente pela cidade de Uruguaiana. A expectativa é de que 20 mil hinchas alvicelestes assistam à partida em Porto Alegre.
"Brasil, decime qué se siente, tener en casa a tu papá. Te juro que aunque pasen los años, nunca nos vamos a olvidar", alentavam os torcedores provocadores, fardados com camisas da seleção ou de clubes como Boca Juniors e Estudiantes.
Mas se engana quem imaginou que a rivalidade brasileira não se faria presente nas arquibancadas da Arena. Diante da possibilidade eminente de eliminação argentina na fase de grupos do torneio, muitos brasileiros encorparam a tímida torcida do Catar.
— Somos Catar hoje. O Catar é grande! Vamos eliminar a Argentina diante de toda a torcida deles. Será lindo — disse o estudante Rodrigo Alves, que chegou vestindo trajes muçulmanos ao lado de três amigos, todos gaúchos.
Para sonhar com uma classificação ao mata-mata, os campeões da Ásia precisam empatar ou vencer. Já a Argentina, última do Grupo B, garante vaga com uma vitória simples em Porto Alegre.