As autoridades anunciaram, nesta sexta-feira (24), quatro mortes de alpinistas nas últimas horas no Everest, o que eleva para oito o número de vítimas fatais na maior montanha do planeta na atual temporada. O grande fluxo cria perigosos engarrafamentos na chamada "zona da morte". Dois indianos, um austríaco e um nepalês morreram na montanha nas últimas 48 horas.
A indiana Kalpana Das, de 52 anos, chegou ao topo do Everest, mas morreu na quinta-feira à tarde, no momento da descida. Outro indiano, Nihal Bagwan, 27 anos, também morreu durante a descida.
— Ele ficou bloqueado no engarrafamento durante mais de 12 horas e estava esgotado. Os guias sherpa trouxeram-no para o campo 4 e morreu no local — relatou Keshav Paudel, da agência Peak Promotion.
Em 2019, foram registradas cenas de engarrafamentos impressionantes na montanha de 8.848 metros de altitude. O período entre o fim de abril e o mês de maio é considerado mais vantajoso para a escalada do monte, pois as condições meteorológicas são menos extremas.
Fotos impactantes divulgadas nos últimos dias mostram uma longa fila de alpinistas, muito próximos uns dos outros, arrastando suas botas de escalada na área entre o cume e o desfiladeiro sul, onde fica o último acampamento na encosta do Nepal.
Os analistas afirmam que o engarrafamento é provocado pela proliferação de permissões de escalada, assim como pelo reduzido número de "janelas" meteorológicas adequadas para chegar ao topo. Desta maneira, todas as expedições iniciam o ataque final ao Everest durante os mesmos dias.
Na altura extrema, o oxigênio é mais escasso na atmosfera, e os alpinistas precisam recorrer a garrafas de oxigênio para alcançar o topo. Uma altitude de 8 mil metros acima do nível do mar é considerada a "zona da morte".
— Permanecer muito tempo na zona da morte aumenta os riscos de congelamento, de sofrer o mal da altitude, ou mesmo de morte — explicou à AFP Ang Tsering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinistas do Nepal.
Até quinta-feira, quase 550 alpinistas alcançaram o topo do Everest na temporada, de acordo com dados divulgados pelas autoridades nepalesas.
No lado tibetano da montanha, menos movimentado do que o lado nepalês, morreu um alpinista austríaco de 65 anos, anunciou um organizador de expedição. Um guia nepalês de 33 anos morreu em um acampamento-base, depois de ficar doente no campo 3, a 7.158 metros de altitude.
Nos dias anteriores, outros dois alpinistas indianos e um americano morreram no Everest. Um montanhista irlandês também teria morrido depois de escorregar e cair de uma área a 8,3 mil metros de altitude. O corpo não foi encontrado.
No ano passado, foram registradas cinco mortes na temporada de escalada do Everest.
Desde que as autoridades nepalesas liberaram a escalada no Monte Everest nos anos 1990, as expedições comerciais aumentaram, assim como o número de alpinistas.
Este ano, o Nepal concedeu para a temporada de primavera (hemisfério norte) o recorde de 381 permissões, ao preço de US$ 11 mil (R$ 44,17 mil) por pessoa, de acordo com os últimos dados disponíveis.
Cada titular de uma permissão é acompanhado por um guia, o que significa que mais de 750 pessoas estão na rota para a escalada. Ao menos 140 receberam permissões para escalar o Everest a partir do flanco norte, no Tibete.
O topo do Everest foi alcançado pela primeira vez em 1953 pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo nepalês Tenzing Norgay.