Ex-atacante do Vasco, Valdiram, 36 anos, foi encontrado morto na sexta-feira (19), em São Paulo. O corpo foi identificado por amigos no Instituto Médico Legal (IML), que ainda aguarda a visita de familiares para o reconhecimento formal.
No ano passado, depois de ter seu status de morador de rua revelado, o jogador recebeu apoio do Vasco e passou por uma clínica de reabilitação no Rio de Janeiro. Na ocasião, Valdiram foi encontrado pelas ruas de Bonsucesso, bairro da zona norte do Rio de Janeiro.
Sua carreira ficou marcada por uma acusação de estupro e confissões de vício em drogas, bebida e sexo. Ao se aposentar, o atleta chegou a virar pastor antes de se perder na batalha contra a dependência química.
Em 2015, o ex-atacante desabafou.
— O Valdiram, para o mundo, estava acabado e morto. Você sai com as mulheres e daqui a pouco vem a cerveja, a cocaína, a maconha, o crack. Assim foi a minha vida. Eu vi a morte, eu vi o espírito da morte na minha frente. (...) Eu passei pelo vale das sombras da morte — afirmou, em entrevista ao Lance.
— Ganhei muito dinheiro. Todas as equipes que eu passei, foram 25 equipes, com salário de 20 mil, 30 mil. Esse dinheiro na prostituição, na bebida, na noite do samba, no mundo das drogas... Esse dinheiro não dura, se acaba rapidamente. Eu passei a usar cocaína aos 27 anos. Depois, não parei mais, mas só usava quando bebia. Quando eu bebia, o meu nariz coçava e escorria — relatou.
— O pior momento da minha vida foi em 2010. Foi quando eu realmente caí na cocaína, no crack, e passei um ano no mundo da escuridão. Cheguei a usar cocaína na cracolândia, foi o pior momento. Difícil lembrar de tudo que passei como jogador do Vasco do Gama, e ver o momento em que eu me encontrava. Do lado daquelas pessoas, usando drogas na favela do Jacarezinho — completou.
Artilheiro da Copa do Brasil de 2006 e ovacionado pela torcida do Vasco, Valdiram chegou a voltar ao Cruz-Maltino em 2015. Dizendo-se convertido à religião evangélica havia cinco anos, o atacante, então com 31 anos, ganhou mais uma oportunidade de Eurico Miranda (na época, presidente) e viu as portas do clube serem abertas novamente.