Desde que deixou a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em abril de 2018, após ser banido do futebol pela Fifa por acusações de suborno e corrupção, Marco Polo Del Nero, de 77 anos, vem se desfazendo aos poucos de seu patrimônio.
O cartola repassou sua empresa de advocacia em São Paulo para o nome de seu filho, Marco Polo Del Nero Filho, e doou para uma ex-mulher, Márcia Baldrati, um imóvel comprado em 2012 por R$ 1,6 milhão, localizado em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. O valor de mercado atual do apartamento supera os R$ 5 milhões, segundo pesquisas em sites especializados.
A doação ocorreu em agosto do ano passado e foi registrada em um cartório da capital paulista. O imóvel era um dos bens mais valiosos do patrimônio de Del Nero, que aumentou 175% após sua entrada na CBF, em março de 2012, quando se tornou vice-presidente da entidade. O apartamento mede 602 metros quadrados, incluindo quatro vagas de garagem.
Com isso, o patrimônio imobiliário em nome do ex-presidente da entidade sofreu redução de 25%, caindo de R$ 6,6 milhões para R$ 5 milhões. No valor, também estão pequenas propriedades antigas que o ex-dirigente possui divididas com alguns de seus parentes.
De 2003 até abril de 2015, Del Nero foi presidente da Federação Paulista de Futebol, com um salário de cerca de R$ 50 mil. No comando da CBF, passou a ganhar R$ 200 mil. Desde 2015, quando assumiu a CBF, o dirigente adquiriu dois novos imóveis, ambos no Rio de Janeiro, que custaram, somados, R$ 6,8 milhões.
O primeiro é uma cobertura duplex e foi parcialmente usado na compra do segundo imóvel, outra cobertura duplex no mesmo condomínio, com quatro vagas e 362 metros quadrados. Os dois imóveis foram registrados em sociedade entre Del Nero e um de seus filhos, Marco Polo Del Nero Filho, que ficou com 30% dos empreendimentos.
Em abril de 2018, a Câmara de Arbitragem do Comitê de Ética da Fifa considerou Del Nero culpado por suborno e corrupção, oferecer e aceitar presentes e outros benefícios e conflito de interesse. Além da punição, o cartola teve que pagar uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).
Desde dezembro de 2017, Del Nero está afastado do cargo em decorrência das acusações de corrupção feitas na Justiça dos Estados Unidos.
O cartola foi indiciado por supostamente ter participado de um esquema de recebimento de propina com outros cartolas da América do Sul na venda de direitos de torneios no país e no continente.
Desde então, a CBF é comandada pelo paraense Antônio Carlos Nunes, o coronel Nunes. A partir de maio, quem assume é Rogério Caboclo. Marco Polo Del Nero e seu filho foram procurados, mas não responderam às tentativas de contato da reportagem.