O velhinho lá em cima é, digamos, quase perfeito. Ele ama a todos da mesma forma, inclusive os pecadores. E até mesmo aqueles que não acreditam nele. Mas tenho quase certeza de que o futebol não é o seu esporte preferido. Se fosse, certamente, não deixaria que craque da bola envelhecesse.
Mas Pelé, Garrincha, Maradona, Ronaldinho e tantos outros já passaram. Um verdadeiro pecado do criador, com todo o respeito. Então, vamos aproveitar ao máximo aqueles craques que teimam em driblar o tempo. São os casos de D'Alessandro e Léo Moura, entre os raros que existem por aí.
Dá gosto vê-los jogar. São diferenciados. Dominam a bola com o carinho, como se ela fosse extensão dos seus próprios corpos. Encontram espaços num buraco de agulha. Passam como se fosse com a mão. Simplesmente, adivinham o que pode acontecer. O lance só não se completa porque, na verdade, eles não são mágicos para ocupar dois espaços ao mesmo tempo. O de quem lança, no caso, eles, e o de quem tenta receber a bola que, infelizmente para muitos, é redonda.
Vi, por exemplo, o Garrincha jogar, ao vivo e a cores. Ele era mesmo a alegria do povão, algo que falta hoje em dia nos campos de futebol. E alegria para todas as torcidas. A gente pagava ingresso não somente para vê-lo jogar. Mas para driblar o zagueiro do teu próprio time. Claro que queríamos derrotar o Botafogo, o que não era nada fácil naquela época. Mas um só drible do Mané pagava plenamente o ingresso, comemorado tanto ou mais do que um gol de placa.
Eles que estão agora aqui pertinho de nós, o D’Alessandro e o Léo Moura, não podem parar tão cedo. Sejam vocês dois criativos também nisso.
Deem um tapa no tempo, um "vai cavalo", como se fala lá no Ararigboia. Raspem a cabeça. Ou pintem o cabelo. Façam qualquer coisa. Mas resistam o máximo que puderem. E sebo nas canelas. O futebol agradece. A gente aplaude. Craque merece respeito, de todas as torcidas.