Quando o Fortaleza anunciou Rogério Ceni em novembro do ano passado, parecia uma mera jogada de marketing. Afinal de contas, o ex-goleiro que acabava de ter um lançamento frustrado em sua carreira como treinador (ficou apenas seis meses no São Paulo), assumia uma equipe que recém havia conquistado o acesso à Série B do Brasileirão, tendo perdido a final da Série C para o CSA, de Alagoas. Pois o final de semana comprovou que o casamento foi perfeito. Com quatro rodadas de antecedência, o Fortaleza está matematicamente garantido na elite do futebol nacional doze anos depois de sua última participação - graças à vitória de 2 a 1, fora de casa, contra o Atlético-GO. E mais do que isso, Ceni ressurge no cenário brasileiro de tal forma que os cearenses não dão como certa sua permanência para 2019.
— Quando ele chegou, existia muita desconfiança. Mas ele teve papel fundamental na montagem do elenco e até pediu melhorias estruturais. Para entender o sucesso na Série B, é preciso saber o que aconteceu no Campeonato Cearense. Ele chegou a liderar a primeira fase, mas perdeu a final para o rival Ceará e isso gerou muito questionamento, com a torcida chamando ele de burro. Mas o presidente bancou ele, que fez um trabalho brilhante, conseguiu reinventar a equipe ao longo do campeonato e acaba como a grande estrela do Fortaleza. O presidente Marcelo Paz quer renovar o contrato por mais dois anos com o Rogério, mas a gente vê como difícil. Ele foi supervalorizado e deve receber uma grande procura - analisa o repórter Lucas Mota, do jornal O Povo.
Na arrancada da Série B, o time de Ceni chegou a ficar as 9 rodadas iniciais invicto, dando a impressão de que superaria as melhores campanhas da história da Série B - que são do Corinthians de Mano Menezes em 2008, e da Portuguesa de 2011 (que ficou conhecida por "Barcelusa"). O aproveitamento teve uma queda, mas não a ponto de minimizar a bela campanha do Fortaleza. Em 34 jogos, foram conquistados 64 pontos (sete à frente do vice-líder CSA, e 12 a mais que o Vila Nova, que é 5º colocado).
— Sem dúvidas, o principal destaque da equipe é o centroavante Gustavo, artilheiro do Brasil. assim como o Rogério, quando ele chegou, havia uma desconfiança muito grande, porque fazia tempo que não fazia boa temporada. mas mostrou que dentro da área sabe fazer gol, de cabeça, de canela, ele mostrou que é matador - comenta o jornalista cearense.
Além do artilheiro "Gustagol", o Fortaleza também conta com ex-jogadores da dupla Gre-Nal: o lateral-direito Tinga, revelado no Grêmio, e o atacante Marcinho, que está emprestado pelo Inter. Mas, sem dúvidas, o goleiro Marcelo Boeck, que fez parte das campanhas da Libertadores e Mundial de Clubes de 2006 pelo Colorado, é quem tem o maior destaque entre eles.
— Ele está desde a campanha da Série C, é titular absoluto, e como capitão da equipe é o grande líder. Nunca se escondeu e teve grande atuação contra o Atlético-GO. Rogério Ceni até disse que o Marcelo (Boeck) deixou para fazer a atuação de gala no jogo do acesso - conclui Mota.
Depois de garantir o acesso, o Fortaleza mira agora o título da segunda divisão. Nesta terça-feira (6), às 21h30min, a equipe recebe o CSA, no Castelão, no tira-teima da final da Série C do ano passado. Mas agora o filme é outro, completamente diferente.