Um passe de 62 jardas para Tre'Quan Smith colocou Drew Christopher Brees de vez na história da NFL. O touchdown em uma vitória tranquila sobre o Washington Redskins representou que o quarterback de 39 anos ultrapassava Peyton Manning para se tornar o jogador com mais jardas passadas em todos os tempos no futebol americano profissional. Mas esta história teve o seu capítulo definitivo no dia 31 de dezembro de 2005, em um episódio bem menos agradável.
No último jogo da temporada 2005 do San Diego Chargers, contra o Denver Broncos, Brees sofreu um fumble na beira da end zone. Ao tentar recuperar a bola, levou uma trombada que ocasionou uma ruptura do labrum glenoidal, no ombro. Seria o ponto de virada de uma carreira mediana para anos brilhantes, dentro e fora do campo, que o tornariam o maior ídolo esportivo de Nova Orleans e uma presença garantida no Hall da Fama do futebol americano.
— Como qualquer outro quarterback, leva tempo. O ponto sobre Drew é que ele é um estudioso do jogo. Ele entende a mecânica de lançar a bola e tem um ótimo equilíbrio. Ele chegou ao ponto em que as habilidades que ele tem são complementadas pela experiência — disse Marty Schottenheimer, técnico de Brees no Chargers, em entrevista feita há alguns anos ao San Diego Tribune.
Uma temporada ruim em 2003 havia feito com o que Chargers mudasse seus planos na posição de quarterback. Draftou Eli Manning com a primeira escolha geral de 2004, logo antes de trocá-lo para o New York Giants para receber Philip Rivers.
Drew Brees até fez uma temporada boa em 2004, mas a lesão logo no último jogo do seu contrato fez com que a decisão do Chargers fosse facilitada: Brees não seguiria em San Diego.
Nos meses seguintes, o quarterback passou a avaliar as alternativas do mercado. O Chargers até fez uma proposta, mas muito abaixo das expectativas. No fim das contas, a decisão seria entre Miami Dolphins e New Orleans Saints. Inicialmente, o time da Flórida era visto como o favorito na negociação. No entanto, um relato médico fez com que o time praticamente desistisse de Brees, oferecendo um contrato com poucas garantias. A opção do Dolphins foi por trocar com o Minnesota Vikings por Daunte Culpepper.
A Brees, restou assinar com uma franquia de maus resultados históricos e que vinha da tentativa de reconstrução após o Furacão Katrina. O acordo previa o pagamento de US$ 10 milhões garantidos no primeiro ano e uma opção de US$ 12 milhões para o segundo ano. Logo de cara, o encaixe com Sean Payton foi perfeito. Ele lançou o maior número de jardas da carreira por larga margem, melhorou o rating de 89,2 para 96,2 e passou a ser o esteio do Saints que venceria o Super Bowl na temporada 2009 e seria um concorrente frequente por mais de uma década.
— No Saints, rolou a química entre ele e o Sean Payton. O Payton é um dos melhores técnicos, senão o melhor, quando o assunto é ataque. Ele foi pupilo de Bill Parcells durante alguns anos em Dallas e traz essa bagagem. Brees também é um estudioso e extremamente competitivo — analisa Marcelo Afonso da Silva, do perfil Saints Brasil no Twitter.
O primeiro ano de Brees no Saints, Marcelo relembra, já deu indicativos de que o futuro seria especial.
— A temporada de 2006 foi quando ele quebrou paradigmas. E tudo conspirou para isso, principalmente ele próprio. Ele tinha que provar que, ao contrário do que muitos diziam, ele não estava acabado para o jogo por conta da lesão do ombro. A franquia tinha que acabar com a estigma de perdedora. Renascimento é a palavra que define tudo. Brees comandou aquele ataque de forma impressionante, o Saints voltou para New Orleans após o Katrina. Foi tudo muito especial, o time se classificou para a pós-temporada, chegou até a final da NFC, perdendo para o Bears em Chicago. Brees teve uma temporada com 4,4 mil jardas, a primeira acima de 4 mil na carreira, as peças do draft funcionaram, a equipe toda encaixou — relembra.
Quando viu Tre'Quan Smith correr livre em direção à end zone, Brees sabia que o recorde era seu. Virou para os companheiros e falou uma frase que vai resumir a sua carreira:
— Você pode atingir qualquer coisa na vida se você estiver disposto a trabalhar por isso.
O Drew Brees do New Orleans Saints, dos recordes e das vitórias, precisou do Drew Brees do San Diego Chargers. Uma etapa de cada vez. A última delas será em Canton.
Estatística da semana
100, 50, 1 + 1
Não foi suficiente para o New York Giants vencer o Carolina Panthers, mas Odell Beckham Jr. teve uma atuação histórica. Foi apenas a segunda vez na NFL que um jogador teve pelo menos 100 jardas e um touchdown recebidos, além de 50 jardas e um touchdown passado.
Foram oito recepções para 131 jardas e um touchdown na área que ele domina. Mas o recorde foi garantido em um passe de 57 jardas para Saquon Barkley ir até a end zone.
O único outro a conseguir o feito foi David Patten, em 21 de outubro de 2001. O wide receiver, então no New England Patriots, recebeu 117 jardas, com dois touchdowns, além de ter feito um passe de 60 jardas para touchdown na vitória sobre o Indianapolis Colts.
Jogador fora do radar
Matt Breida virou um pilar ofensivo do San Francisco 49ers. É claro que ele não vai resolver tudo em um time que está mal há quatro anos, mas ganhou espaço com a lesão de Jerick McKinnon e teve ainda mais importância para o sistema ofensivo de Kyle Shanahan a partir da lesão de Jimmy Garoppolo.
Shanahan gosta de usar dois running backs em campo. O fullback Kyle Juszczyk é muito efetivo no jogo de passe - o segundo do time em jardas recebidas na temporada, à frente de todos os wide receivers -, e Breida
Breida, que chegou ao 49ers como jogador não draftado em 2017, lidera o time com 369 jardas terrestres, além de um touchdown. Para que o papel seja ainda maior, basta que fique saudável - algo que tem se provado complicado para o corredor, que é pequeno e leve para os padrões da posição. Ele tem 1m75cm e 91 quilos.
Fique de olho
A NFL ajustou o Sunday Night Football da semana 7. Tirou o jogo entre San Francisco 49ers e Los Angeles Rams, que passa para às 17h25min, e colocou no horário nobre o jogo entre Kansas City Chiefs e Cincinnati Bengals. Como o Chiefs já joga no Sunday Night nesta rodada, contra o New England Patriots, serão duas semanas seguidas com o ataque liderado por Patrick Mahomes no espaço televisivo de mais destaque dos Estados Unidos.